1 - Não estamos a falar da vida pessoal deste ou daquele devoto(a). Estamos a falar de um tema que diz respeito a todos os devoto(a)s em geral. Não me interessa a vida íntima e pessoal de ninguém.
2 - Não é porque um devoto(a) é um líder destacado e idoso que não possa ser questionado num tema deste e nem isto é ofensivo. Um Sannyasi pode falar sobre isto, mas deve deixar claro que enquanto Instituição a grande maioria é incapaz de seguir o padrão de sexo ilícito.
3 - Pode fazer uma pesquisa entre devoto(a)s. Já sabemos o resultado. Mas se quisermos viver numa bolha e teimosamente insistir que muitos seguem o padrão, força.
Hṛdayānanda Dāsa Gosvāmī Ācāryadeva explica:
"Claramente, sexo apenas para a procriação consciente de Kṛṣṇa, dentro do casamento, é o objectivo final para aqueles que buscam a auto-realização e a consciência de Kṛṣṇa pura.
Seria ridículo dizer que uma alma vai voltar ao Supremo ao mesmo tempo que cultiva activamente o prazer sexual como forma de intensificar o relacionamento humano.
No entanto, vemos claramente nos ensinamentos de Prabhupāda, e pelo bom senso, que os princípios reguladores têm um nível INICIAL e um nível AVANÇADO.
A esmagadora maioria dos devotos da ISKCON, hoje, são membros da congregação e seria ilusório pensar que a maioria deles faz sexo apenas para procriar.
Seria igualmente delirante pensar que a ISKCON se desenvolverá como uma sociedade espiritual saudável quando os seus "pregadores" espirituais estão constantemente a chamar a maioria de seus membros de "pecadores"."
Fim da citação.
O argumento de que o aborto é um dos fatores que destrói a família não procede.
Aqui em Portugal o aborto é legalizado há muitos anos e a família continua a ser muito forte.
Países onde o aborto é legalizado há quase 100 anos a família continua a ser muito forte.
Na Índia, sim na Índia o aborto é legalizado há muitos, muitos anos. A família é muito forte.
O Primeiro Ministro indiano Narendra Modi, que é de extrema direita, conservador do BJP, devoto e praticante de Yoga não criou nenhuma lei para penalizar o aborto. Pelo contrário, criaram uma lei para expandir o aborto para todas as indianas, casadas e solteiras.
Devoto(a)s têm uma posição muita clara.
São contra o aborto.
E nem podia ser diferente. Mas em termos de legislação não pode haver penalização, porque é uma lei HIPÓCRITA.
Não podemos comparar meninas de 14, 15 anos ou então mães de família trabalhadoras com bandidos, marginais e delinquentes que matam para roubar ou estrupar. Estes merecem ser severamente penalizados.
Agora querer enviar para a prisão meninas de 14, 15 anos e mães trabalhadoras ... não dá.
E de facto, apesar de haver a lei, nenhuma mulher é presa. É uma lei INÚTIL e HIPÓCRITA.
Não tem comparação com assassinato.
Sim, algumas poucas clínicas clandestinas são encerradas no Brasil. Mas isto é só a ponta do iceberg. A maioria dos abortos são feitos em casa.
A grande maioria dos médicos e enfermeiros que atendem uma mulher que fez aborto em casa, na prática no Brasil não acontece nada. Nem com a mulher, nem com o médico e nem com os enfermeiros.
Isto funciona assim:
Concretamente, no Brasil, na actualidade, o aborto é legalizado.
Por quê?
Ora, uma mulher faz aborto por ela mesma em casa. Corre mal. Vai ao hospital público para ser tratada. O médico(a) que atende tem que tratá-la e por questões deontológicas não pode denunciá-la.
Ela é tratada, vai para casa e fim de conversa.
Alguns, poucos médico(a)s de forma incorrecta, ao quebrarem o seu código deontológico, denunciam, e algumas poucas mulheres são detidas.
Uma devota declarou:
"Não existe criminalização. Sou pediatra e trabalhei em maternidade, várias meninas fazem aborto e jamais as criminalizamos por isso. São atendidas. É feito curetagem e aguardam a alta após estabilização do quadro."
Nos países onde o aborto não é criminalizado, o sistema funciona de uma forma mais correcta.
A mulher que por qualquer motivo queira abortar, dirige-se a um centro de saúde. É atendida e encaminhada para especialistas, psicólogos e assistentes sociais.
Aqui em Portugal, em que o aborto não é criminalizado, a Lei prevê que se dê informação às grávidas, que se fale das alternativas, que se mostre como não abortar no futuro, que a mulher tenha noção do acto que quer realizar e então passa por alguns dias de reflexão.
Só depois é realizado o procedimento. Com este acompanhamento algumas até nem querem mais fazer.
Bem diferente do que fazer em casa sem nenhum apoio e aconselhamento.
1 - <o direito a vida do bebê (esse sim é o tema principal da discussão).>
Desculpa, o tema principal da discussão é a vida do BEBÊ e a vida da MÃE.
Aborto é um Dilema Moral.
Dilemas morais são situações nas quais nenhuma solução é satisfatória.
São encruzilhadas que desafiam todos que tentam criar regras para decidir o que é certo e o que é errado, de juristas a filósofos e religiosos que estudam a moral.
Se você escolhe a vida da mãe, destrói a vida do feto.
Se você escolhe a vida do feto, destrói a vida da mãe.
Qual você escolhe?
2 - Nós não promovemos o aborto. O Sastra é claro. É uma actividade pecaminosa. Somos contra o aborto.
Mas também somos contra a Lei que penaliza o aborto. Não há nenhuma contradição nisto. Pois é uma Lei imprática, inútil e hipócrita.
3 - <apelo à Misericórdia ou à Piedade>
Isto é o que acontece diariamente com os milhares de abortos que não são penalizados no Brasil, porque os médicos, enfermeiros e agentes da Lei percebem que apesar de ser proibido por Lei é um absurdo penalizar alguém por isto.
4 - <Reivindicação à Perfeição>
Isto está no Sastra. O que você quer que eu faça?
O Skanda Purana explica:
"Aquele que descarrega sêmen na masturbação vai para o inferno chamado Reto-bhojana, onde tem que subsistir de sêmen. Depois vai para Vasakupa; um poço profundo e estreito de gordura onde tem sêmen como sua dieta. Então ele renasce como o homem mais desprezível."
O Bhagavata Purana (Bhagavatam) menciona um inferno especial (Lālābhakṣa) para aqueles adictos a sexo oral.
“Aquele que usa métodos anticoncepcionais e de aborto, pela vontade de Deus entrará em outra mãe, e a mãe o matará.”
(Śrīla Prabhupāda - 25 de março de 1976, Delhi)
"Anticoncepcionais significa matar o embrião. Então este também é outro pecado."
(Entrevista com Śrīla Prabhupāda - 30 de março de 1975, Mayapur)
"Portanto, anticoncepcionais significa que a emulsificação é perturbada. Não cria a situação adequada; portanto, a gravidez não acontece. Ou uma secreção imperfeita. O ponto principal é que as duas secreções criam uma situação em que a entidade viva vem e descansa. Então ela vai crescer. E se a situação não for favorável, a alma não pode ficar. Tem que ir para outro lugar. Então, por ordem de Kṛṣṇa, a alma deveria vir para se abrigar ali, mas este homem e esta mulher a detiveram, portanto, isto é pecaminoso."
(Śrīla Prabhupāda - 3 de julho de 1976)
"Anticoncepcionais ou o aborto são considerados equivalente ao homicídio."
(Śrīla Prabhupāda - Carta ao Papa Paulo VI - Montreal, 3 de agosto de 1968)
Outra vez, masturbadores, adictos a sexo oral e quem faz aborto vão todos encontrarem-se no inferno.
5 - <"Não tem comparação com assassinato." para depois dizer que "Claro que é assassinato.">
Não tem contradição. Um é o assassinato cometido por um marginal e o outro por uma mãe desesperada.
São completamente diferentes.
Um "Hare Krsna" de verdade quer que o Brasil seja como El Salvador, Nicarágua, Chile, Honduras e República Dominicana.
Todos estes países com um "ranço" Católico Evangélico insuportável.
Onde mulheres são presas por ter um aborto espontâneo.
Como os médicos não conseguem determinar se a mulher teve um aborto espontâneo ou induzido, deduzem que foi induzido. E as mulheres são presas por um aborto espontâneo que pode e realmente acontece em muitas gravidezes.
As mulheres vivem cheias de medo de engravidar nestes países.
Países estes onde mulheres (muitas vezes meninas crianças) que foram estrupadas têm que continuar com a gravidez.
Países estes onde mulheres que correm risco de vida por alguma complicação na gravidez têm que continuar grávidas.
Países estes que mulheres no limiar da miséria, tóxico dependentes drogadas e prostitutas, sem nenhuma condição física e mental têm que continuar a gravidez.
Mas são só 5 países.
E nós como bons "Hare Krsnas defensores do Dharma" queremos esta mesma legislação para o Brasil.
Sim senhor !!!
Orgulho de ser "Hare" !!!
Quando no Brasil uma menina de 9 anos foi seguidamente estrupada pelo tio e foi fazer aborto legal no hospital, um grupo de Hare Krsnas foi se manifestar em frente ao Hospital gritando "assassinos"...
Ah desculpa, não foram os Hare Krsnas, foram os bolsonaristas. É que às vezes eu confundo os grupos.
Os devoto(a)s têm a melhor proposta para a sociedade em geral. O canto do Maha Mantra Hare Krsna e o cumprimento dos 4 princípios.
Numa sociedade em que as pessoas cantam Hare Krsna e seguem os 4 princípios, é uma sociedade dedicada à Deus e com vida pura. Como ninguém faz sexo ilícito não existe a consideração de aborto e anticoncepcionais. Não existem Casinos. Não existe a venda de bebidas alcólicas. Não existem matadouros de animais.
Os devoto(a)s têm a melhor proposta para uma sociedade pura e avançada. Sem dúvida alguma.
Mas uma coisa é o ideal, e outra é o real. Especialmente em Kali Yuga, milhões, bilhões de pessoas não irão seguir todos os princípios.
Legislar no sentido de proibir e punir isto tudo é imprático porque não é possível abranger bilhões de pessoas e hipócrita (especialmente em relação a sexo ilícito) visto que os próprios membros da sociedade de devoto(a)s não seguem isto na íntegra.
Os devoto(a)s devem aconselhar todos a cantar o Maha Mantra Hare Krsna e a cumprir os 4 princípios. E também informar que existe uma reacção Kármica desfavorável no não cumprimento.
Mas jamais legislar para punir os que não o fazem.
Devoto(a)s não podem enviar para a prisão mulheres trabalhadoras mães de família ou então exigir que meninas que foram estrupadas continuem grávidas, ou enviar para a prisão os comedores de carne.
Só uma observação.
Especificamente no Brasil, no SUS - Hospitais Públicos, a maioria das mulheres atendidas por complicações obstétricas de um aborto induzido são negras e no limiar da miséria.
Elas estão simplesmente desesperadas.
Outra vez, são mulheres negras no limiar da miséria que não têm a mínima condição de manter uma gravidez.
No caso de mulheres ricas e de classe média, que pagam para fazê-lo e que têm condições, qualquer mulher, seja rica ou pobre, que recorre ao aborto, o faz por não ter condições, sejam elas quais forem, financeiras ou psicológicas e não simplesmente porque quer validar uma pauta de "meu corpo, minha decisão".
Pensar que uma mulher, rica ou pobre, recorre ao aborto porque gosta de fazer isto ou porque quer validar uma pauta, é um argumento sem fundamento.
O tema principal da discussão é a vida do BEBÊ e a vida da MÃE.
Aborto é um Dilema Moral.
Dilemas morais são situações nas quais nenhuma solução é satisfatória.
São encruzilhadas que desafiam todos que tentam criar regras para decidir o que é certo e o que é errado, de juristas a filósofos e religiosos que estudam a moral.
Se você escolhe a vida da mãe, destrói a vida do feto.
Se você escolhe a vida do feto, destrói a vida da mãe.
Qual você escolhe?