Gopala Prabhu escreveu:
“…seria interessante não "importar" conflitos, ou criá-los onde não existem. Explico:
Em meu trabalho anterior, uma grande empresa com mais de 5.000 funcionários em toda a região Nordeste, haviam (e, logicamente, ainda há) diversos homossexuais, nas mais diversas funções. Mas quando éramos apresentados, não era algo como:
-Este é Fulano de Tal, chefe do Departamento ABCD, engenheiro, homossexual. E este é Sicrano de Tal, administrador, heterossexual, chefe do departamento QWER.
-Muito prazer, senhor Fulano. Então o senhor é homosexual e engenheiro. Muito bem! Como o senhor concilia as coisas? E senhor Sicrano, como vai? O senhor acha que poderá trabalhar bem em equipe com o senhor Fulano, ou precisará de um curso ou treinamento prático em homosexualidade?
Convenhamos: quando respeitamos a sexualidade do outro, essa sexualidade passa a ser algo particular a cada um, e indiferente nas interelações trabalhistas, sociais, etc. Ainda que cada indivíduo (e cada grupo social) tenha sua preferência e seus limites de aceitação (nunca conseguiremos uniformizar completamente isso). Ou seja: em um lugar realmente tolerante, a diversidade sexual não será destaque ou motivo para favorecer ou desfavorecer ninguém.
A questão seria: de modo geral, a ISKCON é uma sociedade tolerante quanto a diversidade sexual?
Bem, vejamos:
a) Quanto a doutrina: independente da orientação de alguém ser hetero ou homo, ninguém é aconselhado a praticar sexo ilícito. Ou seja: todos são igualmente ensinados que sexo ilícito é desfavorável ao progresso espiritual.
b) Quanto a igualdade de oportunidade (não-discriminaçã o): até onde sei, pelo menos aqui em Recife, heteros e homosexuais tem recebido igual tratamento e oportunidade de praticar serviço devocional. Não existe algo como "Preencha este formulário... Há, que pena! Você assinalou que é homossexual. .. Não poderá mais entrar aqui ou prestar serviço devocional.. . Volte quando puder mudar de opção sexual. O próximo!...". Por outro lado, ninguém é favorecido por ser homossexual. Ou seja, também não existe: "Há, você é homosexual! Que legal! Pode pular as fases "a" e "b" do avanço espiritual gradual e ir direto para a "c"".
c) Quanto ao efetivo aproveitamento, na prática, da igualdade de oportunidade: temos visto na ISKCON que pessoas tanto de natureza hetero quanto homosexual têm alcançado o efetivo exercício de cargos de liderança, tanto administrativa quanto espiritual. E temos visto também que, independentemente da orientação sexual ser hetero ou homo, quando se quebra o princípio de não praticar sexo ilícito, também se cai da posição de liderança, administrativa ou espiritual.
Assim, considerando o exposto acima, creio que podemos considerar a ISKCON, de modo geral, tolerante a diversidade de orientação sexual, e intolerante ao sexo ilícito, ou seja: intolerante ao sexo fora do casamento, ou sem intenção de gerar e educar filhos em consciência de Krishna.
Também é importante perceber que embora seja, atualmente, dado muito enfoque às dificuldades e "quedas" espirituais, não está sendo dado igual valor ao sucesso espiritual. Ou seja: alcançar a pureza é possível (e comum) na ISKCON. Mas, frequentemente, nos falta perceber e valorizar isso.
Esperando ter contribuído,
Vosso servo,
Gopala Dasa (HDG)
Recife-PE - Brasil
Em 29 de novembro de 2009.