“…Há alguns anos atrás, um devoto próximo à minha família estava se separando de sua esposa e seus amigos descreviam-na como uma “bruxa”, que não era favorável ao movimento. Ouvi também os devotos comentando em uma festa de domingo que o vizinho do templo era um “demônio”, pois queria entrar na justiça contra os devotos.
No livro de bolso do estudante, do Ministério do Desenvolvimento Congregacional da ISKCON, existe um capítulo chamado “Seis formas de melhorar as relações”. Lá há o tópico “Compreendendo o indivíduo” que diz: “Gastar tempo para compreender a pessoa (especialmente por escutá-lo ativamente) significa muito para muitas pessoas. É a chave para compreender as necessidades da pessoa.”.
Voltando às duas histórias acima, uma devota se dispôs a ouvir essa esposa e descobriu que de “bruxa” ela não tinha nada. Apenas se queixava de que os devotos não respeitavam sua casa, entravam a hora que queriam, mexiam em seus objetos pessoais e caso ela reclamasse de algo era taxada de materialista. Após ser ouvida com empatia, essa mulher revelou que graças àquela conversa, estava tendo outra imagem do movimento. Que se tivesse conhecido pessoas como essa devota antes, as coisas seriam bem diferentes. No entanto era tarde. Após muito desgaste, o casal acabou se separando.
Sobre o vizinho “demônio”, essa mesma devota também se aproximou dele e viu que ele era bem compreensível, mas por repetidas vezes já havia advertido aos devotos em relação ao barulho e já não agüentava mais dormir tarde por causa do festival de domingo e acordar às 4 da manhã com som de kartals, mrdangas etc. Graças a essa conversa, o templo fez alguns ajustes como retirar instrumentos no mangal arati (afinal era um templo urbano!) e acabaram fazendo amizade com o tal vizinho.
A mensagem do Senhor Caitanya deve ser transmitida sem dúvida. O ponto não é o que fazer e sim como fazer! Isso não significa que estamos sendo “moldados” e sim que é possível equilibrar nossas práticas, fazendo certos ajustes para que vivamos em harmonia com a sociedade. Afinal, ser flexível e ir “de porta em porta” (no seu sentido mais amplo) para ouvir ativamente, como no exemplo da devota acima, pode também ser uma excelente pregação!…”
Sua serva
Vaisnava Krpa devi dasi