Muito obrigado, Rama Putra Prabhu.
"...uma sociedade doente deve ser treinada por professores brahmanas ou mestres santos capazes de detectar a varna de cada pessoa e ocupá-los em trabalhos apropriados, com pureza de propósito. Como dizia Srila Prabhupada : "Onde quer que nós tenhamos um centro, um colégio Varnashrama deveria ser estabelecido para treinar quatro divisões, brahmana, ksatriya, vaisyas e sudras"(Cf. Bhaktivedhanta Veda Base, Busca Internet, tópicos de Varnasrama)."
Vrndavana, 12 de março de 1974
Atreya Rsi: Então, em nosso movimento, os líderes devem decidir como cada devoto e cada recurso deve ser apropriadamente engajado.
Prabhupada: Isto é lideranlça. Isto é liderança. O...qual pessoa esta apta para qual trabalho.
Vosso servo
Prahladesh Dasa
Rama Putra:
As misturas dos sentimentos e comportamentos incompatíveis na sociedade
5.1 – Rasabhasa – As misturas das relações transcendentais com o Divino
O princípio básico da filosofia vedanta vaisnava é a compreensão de que não somos estes corpos materiais, mas sim almas eternas servas de Krishna (Deus), sempre vulneráveis à influência dos gunas ou ego falso que nos identifica com a matéria, colocando-nos sob o controle dela. As almas em seu estado puro e liberado das influências dos modos da natureza desfrutam de uma relação pura com Krishna chamada rasa.
Mas enquanto condicionados à matéria, existe uma auto-identificaçã o natural com o corpo de acordo com guna e karma que nos obriga a agir conforme nossos atos passados. O fato de estar no mundo material já nos implica nestes condicionamentos, da mesma forma que uma pessoa mesmo estando parada nas margens do oceano é levada ou empurrada involuntariamente pelas correntezas das ondas.
Assim, como é necessária a ajuda de um nadador experto para nos tirar da situação de um afogamento no oceano, necessitamos da ajuda de um mestre espiritual experiente para nos libertar das correntezas da matéria que se apresentam na forma dos três gunas. Ao liberar-se do karma ou influência dos modos da natureza, a entidade viva passa a coexistir com doze tipos diferentes de rasas, ou relações extáticas que são compartilhadas com Krishna.
Cinco destas rasas são diretas e são especificados como neutralidade, servidão, amor fraternal, amor paternal (maternal) e amor conjugal. Sete das rasas são indiretas e são especificadas como humor, espanto, cavalheirismo, compaixão, zanga, temor e horror.
Estas rasas diretas ou indiretas manifestam-se também neste mundo material de uma forma pervertida ou inebriada com os gunas, assim como nossa imagem ilusória no espelho. Entretanto, segundo Srila Rupa Goswami, as cinco rasas diretas tais como neutralidade, servidão, amor fraternal, amor paternal (maternal), e amor conjugal manifestam-se eternamente em sua forma pura no mundo espiritual chamado Vaikuntha (o mundo eterno onde não existem ansiedades), ao passo que as sete rasas indiretas e diretas estão eternamente se manifestando e se des - manifestando em Goloka Vrndavana (o planeta espiritual mais elevado), onde Krishna na sua forma mais prazerosa chamada Govinda, manifesta seus passatempos transcendentais mais sublimes.
Ou seja, é possível que muitas vezes além da própria rasa regular, encontrar a presença de alguma outra rasa, e a mistura destas atitudes amorosas são às vezes compatíveis, ou gostosas, e ás vezes, são incompatíveis, ou de gosto desagradáveis. Por exemplo: Quando na rasa de amor neutro (santa rasa) verificam-se indícios de temor ou espanto, o resultado é compatível, ou de gosto agradável.
Quando com este amor neutro há manifestações de amor conjugal, cavalheirismo, zanga, ou temor, o resultado é incompatível.
Com o êxtase de amor fraternal, uma mistura de amor conjugal, riso ou cavalheirismo é altamente compatível. Com o mesmo amor fraternal, uma mistura de amor paternal (maternal) é muito incompatível.
Com o êxtase da compaixão no serviço devocional, uma mistura de zanga ou amor paternal (maternal) é compatível, ao passo que uma mistura de riso, amor conjugal ou espanto é sempre incompatível. Inúmeras análises deste tipo continuam a ser descritas muito cientificamente no livro Néctar da Devoção de Srila Rupa Gosvami onde ele previne os devotos, poetas e eruditos a não cometerem tal incompatibilidade em seus escritos ou em seus relacionamentos.
A presença destes sentimentos contraditórios chama-se rasabhasa. Se houver rasabhasa em algum livro da consciência de Krishna, nenhum sábio erudito ou devoto experiente o aceitará. Caitanya Mahaprabhu tinha um secretario particular chamado Svarupa Damodara encarregado exclusivamente de analisar os escritos de poetas e escritores que vinham oferecê-los para Sua apreciação.
O regulamento seguido era que estes escritos deveriam ser analisados minuciosamente para verificar se não havia incompatibilidade nas rasas. Então ele permitia que o poeta se aproximasse do Senhor Caitanya e recitasse sua poesia.
A incompatibilidade das rasas é um tema importantíssimo e os devotos puros esperam encontrar perfeita compatibilidade nas descrições das diferentes relações com a personalidade de Deus. Srila Rupa Goswami genialmente explica em seu livro o Néctar da Devoção para os sábios, escritores ou literários expertos analisarem as rasas compatíveis entre si, utilizando o método de contrastar as várias rasas numa mistura particular com os nomes "todo" e "parte".
De acordo com esta metodologia o sentimento predominante chama-se o "todo", e o sentimento subordinado chamam-se a "parte".
A declaração a seguir elucida o assunto da parte e do todo: "Todas as entidades vivas são como centelhas do fogo supremo, e, deste modo não sei se eu, uma centelha minúscula serei capaz de me ocupar no transcendental serviço amoroso a este fogo supremo o Senhor Krishna".
Nesta declaração, os sentimentos de amor neutro são considerados como o todo, ao passo que o desejo de servir o Senhor é considerado como a parte. Na realidade, na refulgência Brahman não é possível a reciprocidade de êxtase amoroso entre o Senhor e o devoto.
Há uma outra citação de um devoto que se lamenta como se segue: "Quando é que vou me livrar do modo da ignorância? E purificando- me assim, quando alcançarei a fase de servir a Krishna eternamente? Só assim poderei adorá-lo, observando sempre seus olhos de lótus e o seu belo rosto". Nesta declaração, o todo é o êxtase da neutralidade, e a parte é a servidão.
(Cf. NECTAR DA DEVOÇÃO, 1995, p 251)
Existe também um exemplo de uma mistura de amor maternal com compaixão no serviço devocional. Mãe Yasoda estava pensando que Seu filho estava andando pela floresta sem guarda sol nem sapatos, e ficou muito perturbada ao pensar nas muitas dificuldades que Krishna devia estar sentindo. Neste exemplo, o todo é o amor maternal e a parte é a compaixão.
Os analistas com experiência desses vários tipos de doçura ensinam-nos que quando diferentes tipos de doçuras imbrincam-se, a doçura que é o todo, ou a atitude que se salienta, é chamada de o êxtase permanente.
Na escritura Visnu-Dharmottara se confirma que quando muitas doçuras de êxtase devocional se misturam o predominante ou o todo, é chamado de o êxtase permanente ou constante do serviço devocional. Mesmo que a doçura subordinada se manifeste dentro de um determinado tempo, ela vai acabar se fundindo no todo predominante. De forma que isto é considerado um êxtase inconstitucional do serviço devocional.
Quando um êxtase inconstitucional de serviço devocional manifesta-se predominantemente um determinado momento ele ainda é aceito como a parte. Se não se manifesta muito notadamente, aparece apenas de leve e se funde rapidamente de volta ao todo. Em tais momentos de aparecimento ligeiro, não se lhe da nenhuma importância, da mesma forma que se uma pessoa estiver comendo alguns pratos saborosos e também comer uma folhinha de grama, ela não vai apreciá-la, nem vai se importar em distinguir qual é o seu gosto.
(Cf. NECTAR DA DEVOÇÃO, 1995, p 254)
Estes conceitos para compreensão dos doces passatempos ou brincadeiras de Krishna com seus associados podem ser aplicados ilimitadamente visto que estas atividades transcendentais de Krishna são ilimitadas ou incontáveis como as ondas do oceano. Por outro lado, a Bhagavad Gita capítulo 04, verso nove Krishna explica sobre a importância e necessidade de se conhecer tais atividades: JANMA KARMA CA ME DIVYAM – "Aquele que conhece a natureza transcendental do meu aparecimento e atividades, ao deixar o corpo não volta a nascer neste mundo material, mas alcança minha morada eterna, ó Arjuna".
Da mesma forma o Svetasvatara Upanisad 3.8 diz: TAM EVA VIDITVATI MRTYUM ETI – NANYAH PANTHA VIDYATE YANAYA – "Pode alcançar a fase perfeita de liberação, na qual se escapa do nascimento e da morte, quem simplesmente conhece o Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, e não há outra maneira de alcançar esta perfeição".
Srila Prabhupada comenta este verso dizendo que: "o sentido de "não há alternativa" significa que qualquer pessoa que não compreende o Senhor Krishna como a Suprema Personalidade de Deus está no modo da ignorância, e, por conseguinte não alcançará a salvação apenas, por assim dizer lambendo a superfície externa da garrafa de mel ou interpretando a Bhagavad-Gita conforme a erudição mundana".
O fato é que para conseguir libertar-se do cativeiro material a entidade viva precisa vencer sérias dificuldades e a principal delas é o orgulho de se considerar igual ou superior a Deus. Na escritura Brahma samhita o Sr Brahma explica: "A verdade absoluta é infalível, sem princípio, o mais velho de todos, mas sempre se manifesta como um jovem viçoso.
Nem mesmo os maiores eruditos védicos podem compreendê-lo, mas ele sempre se manifesta para os devotos puros e fiéis". Assim, os vedas contêm afirmações muito enfáticas ao dizer que a verdade absoluta só pode ser compreendida através de bhakti ou amor devocional. Esta bhakti remete a idéia da prestação de serviço amoroso, pois não há amor sem servidão voluntária.
Assim, por compaixão das almas condicionadas na matéria ou perdidas na especulação vazia, Krishna manifesta seus passatempos transcendentais para atraí-las. Concluindo, a audição destes tópicos ou rasas transcendentais da fonte correta e da forma correta, ocasionará como conseqüência, o despertar de nossas próprias rasas ou relacionamentos originais e verdadeiros.
Esta audição correta funciona como o começo do recobrar da amnésia, ou esquecimento da nossa relação com Deus e este é o pré-requisito para o começo do treinamento para se voltar ao nosso lar original, o mundo espiritual.
Srila Rupa Gosvami concluiu seu livro Bhakti rasamrta-sindhu "Néctar da Devoção" que é a ciência completa da Bhakti Yoga dizendo que os temas por ele abordados são muito difíceis de serem compreendidos por homens comuns. (Cf. NECTAR DA DEVOÇÃO, 1995, p 261)
Por esta razão, preocupado com a limitação dos homens, no começo desta grande obra literária ele descreve em seus primeiros capítulos os primeiros estágios da devoção, dando ênfase a prática de sadhana-bhakti. Sadhana-bhakti significa a busca pelo tesouro do amor a Deus ou literalmente falando, é o serviço devocional na prática e regulado.
No capítulo 02, Srila Rupa Goswami explica: "Prática significa empregar nossos sentidos em um tipo particular de trabalho. Logo, serviço devocional na prática significa utilizar nossos diferentes órgãos sensoriais para servir a Krishna. Alguns dos sentidos são destinados para se adquirir conhecimento, e há alguns que são destinados para que ponhamos em prática as conclusões de nosso pensar sentir e desejar.
De forma que prática significa empregar tanto a mente quanto os sentidos no serviço devocional prático. Esta prática não é para que desenvolvamos algo artificial. Uma criança, por exemplo, aprende ou pratica para poder andar. Andar é natural. A capacidade de andar existe originalmente na criança, bastando apenas um pouco de prática para que ela ande muito bem. Analogamente, o serviço devocional ao Senhor Supremo vem a ser o instinto natural de toda entidade viva".
Continuando neste mesmo raciocínio, Rupa Gosvami remete uma idéia completamente inclusivista, e não sectária dizendo: "Até mesmo homens não civilizados, como os aborígines, oferecem suas respeitosas reverências a algo maravilhoso, exibido pela lei da natureza, e podem perceber que há algo supremo por traz de uma exibição ou ação maravilhosa.
Portanto, esta consciência, embora permaneça adormecida naqueles que estão contaminados materialmente, encontra-se em todas as entidades vivas. E, quando purificada, esta consciência é chamada consciência de Krishna".
(Cf. NECTAR DA DEVOÇÃO, 1995, p 13, 14)
Quando desejamos desenvolver nossa capacidade inata de prestar serviço devocional há certos processos (como ouvir da fonte correta) que, uma vez aceitos e executados, farão com que esta capacidade adormecida seja invocada. Esta prática chama-se sadhana-bhakti e é o começo da senda do amor a Deus.
Srila Prabhupada explica: "o (acharya) mestre espiritual tem obrigação de encontar os métodos e maneiras através dos quais seu discípulo possa fixar sua mente em Krishna. Assim começa Sadhana Bhakti".
(Cf. NECTAR DA DEVOÇÃO, 1995, p 13)
A este respeito, Srila Rupa Goswami nos adverte também dizendo que este serviço inicial é praticado sobre diferentes tipos de regras e está fora de cogitação recusa-las.
E, todo homem inserido no contexto social védico varnashrama deverá segui-las para que possa se purificar evoluindo gradualmente e não de forma artificial ou abrupta como explica o grande mestre Bhaktivinoda Thakura: Sadhana-kale ye paryanta / hrdaya kama ache/ se paryanta varnasramadi / dharmera apeksa thake.
"Durante o tempo em que estiver praticando sadhana-bhakti, enquanto houver desejo material no coração, o individuo deveria permanecer dentro dos limites do sistema de varnashrama" .
Para concluir este trabalho será descrito a relação de sadhana-bhakti com o modelo social védico varnashrama, mas antes, faremos uma breve paráfrase do tema rasabhasa com varnabhasa. A razão deste intento é que julgamos muito pertinente a metodologia de Srila Rupa Gosvami para detectar sentimentos incompatíveis, já que o mesmo conceito pode ser usado também para se detectar desajustes ou incompatibilidades das funções individuais no quadro social.
Creio que desta forma, ou seja, com os limites do sistema varnasrama bem aceitos e estruturados haverá um ímpeto de valorização da vida humana e conseqüente elevação espiritual verdadeira de todo quadro social.
5.2 Varnabhasas – As misturas de comportamentos nas inter-relações Sociais
5.2.1 Uma Análise do Corpo Social saudável.
Da mesma forma que podemos detectar desvios de comportamento nas relações com o Divino, é muito comum observarmos incompatibilidade de comportamento no quadro social.
Visto que os deveres de cada ordem social são especificados de acordo com guna e karma, ou seja, a qualidade de nossas ações (sattva, rajas ou tamas) que podem estar relacionadas com nossas vidas passadas, isto obriga estes deveres ou vocações serem muito bem definidos e muito evidentes.
A sociedade deve caminhar como um corpo saudável que tem seus órgãos bem definidos em suas posições tais como a cabeça, braços, estômago e as pernas. A cabeça é comparada aos intelectuais brahmanas que podem ser educadores ou sacerdotes que iluminam e transmitem o conhecimento para as futuras gerações. Os braços são comparados aos Kshatriyas ou a classe militar e governamental que protege o corpo social em todos os aspectos.
O estômago pode ser comparado à classe mercantil chamada vaisyas que alimenta o corpo social através do comércio, agricultura, produção de bens de manufatura ou construções diversas. As pernas que são tão importantes para carregar o corpo social são comparadas aos sudras ou a classe trabalhadora tais como os artesãos e artistas diversos.
Eles auxiliam todas as classes supracitadas podendo transitar por cada uma delas e se satisfazerem com um bom patrão que lhe dê respeito e dignidade. O problema é que nesta era Kali Yuga (o período cósmico mais degradado por hipocrisia e desavenças), a mescla ou competição constante dos três gunas influenciando a todos confunde a definição das classes.
Aproveitando- se disto, homens inescrupulosos passaram a definir as classes simplesmente pelo valor econômico e direito de nascimento aristocrático e não pela qualidade dos seus atos. Por outro lado há situações em que quando um proletário capaz de mobilizar as massas toma o poder, por meio de um discurso socialista ou comunista, imediatamente se corrompe, se degradando a ponto de passar a cometer erros mais graves que seu antecessor.
Toda sociedade sã deve evoluir sabendo para onde está indo e deveria escolher seus líderes com critérios de avaliação de caráter baseado em virtudes ou valores espirituais. Há caminhos seguros nas diversas formas de valores superiores, ou seja, existirá um organismo onde todos seus membros se respeitam e cooperam uns com os outros sem competição.
Os diferentes membros e órgãos de um corpo saudável estão sempre em harmonia, pois não é natural as pernas se revoltarem com o estômago e começar a chutá-lo, ou os braços se revoltarem com a cabeça e esbofeteá-la, não – isto só deve acontecer em um corpo doente.
Similarmente, nas sociedades doentias que cultivavam valores hedonistas e narcisistas sempre aconteceram revoluções históricas como, por exemplo, a Revolução Francesa "que teve identidade própria, manifestada na tomada do poder pela burguesia, na participação dos camponeses e artesãos, na superação das instituições feudais do Antigo Regime monárquico e na preparação da França para caminhar rumo ao capitalismo industrial."
(ARRUDA; PILETTI, Toda a História. São Paulo, 1996, p. 186).
Ainda segundo Arruda e Piletti (1996, p. 181),
Os escritores franceses do século XVIII – os brahmanas –[1] provocaram uma revolução intelectual na história do pensamento moderno. Suas idéias caracterizavam- se pela importância dada à razão: rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racional para tudo. Filósofos e economistas procuravam novos meios para dar felicidade aos homens.
Atacavam a injustiça, a intolerância religiosa e os privilégios. Suas opiniões abriram caminho para a Revolução Francesa, pois denunciaram erros e vícios do Antigo Regime. As novas idéias conquistaram numerosos adeptos, a quem pareciam trazer luz e conhecimento. Por isto, os filósofos que a divulgaram foram chamados iluministas.[...] O Iluminismo representou a ascensão da burguesia e de sua ideologia.
A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de fenômenos naturais e sociais. Até a crença deveria ser racionalizada. Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus está presente na Natureza, portanto no próprio homem que pode descobri-lo através da razão. Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas.
Assim, observamos que brahmanas ou intelectuais tomam o poder de Reis para tomarem o seu lugar ou reis rejeitam os intelectuais e passam a governar de acordo com seus caprichos. Isto não é natural em uma sociedade sã.
Uma sociedade que sabe quanto lucrou na arrecadação de impostos e o quanto conseguiu arrecadar com seu comércio exterior, enfim, uma sociedade que se interessa basicamente nos valores econômicos ou poder controlador, mas não sabe e nem se interessa na quantidade de seus membros – o que eles estão fazendo ou se estão felizes – é uma sociedade limitada e fadada ao fracasso total.
A Revolução Francesa foi como vimos, uma conseqüência dessa realidade, muito embora, devido ao fato de seus protagonistas (os intelectuais iluministas) terem dado grandes contribuições que marcaram o pensamento ocidental, em nenhum momento eles propuseram uma maneira de purificar o coração do homem para transformá-lo realmente e por isso, quando tinham oportunidade de chegar ao poder ou de representá-lo por meio de suas idéias, imediatamente se deparavam com a corrupção ou não aplicabilidade de suas atraentes propostas políticas e filosóficas (Montesquieu e Voltaire, por exemplo, apregoavam uma Monarquia independente do Clero e ridicularizavam costumes e tradições e Russeau defendia uma República fundada sob a virtude e a moralidade cívica).
Por isso, assim como um corpo doente deve ser curar com a medicina constante e apropriada, da mesma forma uma sociedade doente deve ser treinada por professores brahmanas ou mestres santos capazes de detectar a varna de cada pessoa e ocupá-los em trabalhos apropriados, com pureza de propósito.
Como dizia Srila Prabhupada : "Onde quer que nós tenhamos um centro, um colégio Varnashrama deveria ser estabelecido para treinar quatro divisões, brahmana, ksatriya, vaisyas e sudras"(Cf. Bhaktivedhanta Veda Base, Busca Internet, tópicos de Varnasrama).