Assim, os ritvikvadis estão dizendo que, depois de Srila Prabhupada, não há nenhum devoto puro que possa dar iniciação. De fato, eles estão dizendo que Srila Prabhupada e sua instrução não têm sakti, porque Dhanvantari Svami e Acaryadeva, que têm mais tempo de sannyasa do que muitos têm de vida, mesmo tendo seguido os quatro princípios estabelecidos por Srila Prabhupada, cantado 16 voltas diárias, lido seus livros diariamente e dedicado suas vidas à propagação dos santos nomes não se tornaram devotos puros – segundo eles. Com isso, poderia vir a pergunta.. Mesmo se eles pudessem tornar-me um devoto direto de Srila Prabhupada – não estou dizendo que possam –, eu deveria querer? Se Srila Prabhupada realmente não tornou nenhum de seus discípulos um devoto puro, se Srila Prabhupada pediu que um devoto desqualificado traduzisse e comentasse o restante do Bhagavatam; deveria eu ter fé em Srila Prabhupada? Bhaktivinoda diz que um devoto pode ser medido em quantos devotos puros ele faz, como uma pedra filosofal, mas os ritvikvadis, embora se digam grandes adoradores de Srila Prabhupada, estão dizendo: “Prabhupada não foi capaz de fazer sequer um devoto puro”. A verdade é que, supostamente atacando os discípulos de Prabhupada, os ritvikvadis se revelam grandes descrentes da sakti de Srila Prabhupada; assim como aqueles que diziam que Prabhupada não deveria levar o santo nome para o ocidente, ao invés de desqualificarem Prabhupada, como queriam, desqualificavam o poder do santo nome:
“Yasodanandana Swami disse que isso prova que eles não têm fé no santo nome, porque o harinama purifica tudo. Prabhupada concordou prontamente: ‘Esse patife diz que o Nama não pode... Vejam. Temos que nos encontrar com patifes simplesmente por toda a parte’.”. (A Transcendental Diary – Volume 1, Capítulo 7)
Hridayananda dasa Gosvami disse em sua oferenda de Vyasapuja a Srila Prabhupada que, se alguém quer entrar no sol, tem que se tornar como o sol; similarmente, quem quer conhecer Srila Prabhupada deve se tornar como Srila Prabhupada.
Assim, na lógica dos ritvikvadis, se ninguém depois de Srila Prabhupada tornou-se um devoto puro, inclusive eles próprios, quem são eles para dizer quem é um devoto puro e quem não é um devoto puro? Apenas um devoto puro pode dizer quem é um devoto puro. Se eles mesmos são impuros, como podem dizer quem é qualificado e quem não é? Goura-kisora apontava muitos devotos falsos, isto porque ele era puro. Bhaktisiddhanta e Prabhupada o mesmo. Se eles não são puros, dado que Prabhupada não tornou ninguém puro, quem são eles para apontarem: “este é desqualificado”, “este é desqualificado”, “este é desqualificado”?
A Mentalidade Duryodhana e a Subjetividade na Percepção da Pureza Alheia
Certa vez, Krsna, querendo glorificar seu devoto, chamou Duryodhana e Yudhisthira e os encarregou de um objetivo. Duryodhana deveria sair e encontrar alguém mais qualificado do que ele. A Yudhisthira, Krsna incumbiu a missão de encontrar alguém inferior a ele próprio. A conclusão foi que Duryodhana, mesmo após muito procurar, foi incapaz de encontrar alguém superior a ele, ao menos de acordo com a sua compreensão de si e dos outros. E o mesmo se deu com Yudhisthira; após muito buscar, de acordo com suas medidas, não havia ninguém inferior a ele.
Embora cantem Hare Krsna, os ritvikvadis desrespeitam logo a primeira ofensa a ser evitada no cantar de Hare Krsna: “Blasfemar os devotos e devotas que têm dedicado sua vida à propagação do santo nome do Senhor”. Eles são incapazes de ver as qualidades dos devotos. Um ritvikvadi me escreveu ontem chamando todos os gurus sucessores a Prabhupada de “ratos”. Como alguém que nunca teria entrado em contato com Srila Prabhupada senão por Acaryadeva, Dhanvantari Svami e tantos outros devotos servindo sob a bandeira da ISKCON pode avançar no cantar do maha-mantra enquanto chama aqueles que lhe deram o maha-mantra e Prabhupada de “ratos”?
A mentalidade ritvikvadi é como a mentalidade de Duryodhana; não se consegue ver as qualidades nos outros. Dizendo que todos são desqualificados, eles estão dizendo que eles são os únicos qualificados, ao menos para dizer que todos são desqualificados. Mas, como já exposto, isso é insustentável, porque, se eles mesmos não são puros, como podem dizer quem é puro ou não?
Quem é um Devoto Puro?
Embora o Bhagavad-gita nos forneça os sinais e sintomas de um devoto puro e daquele que transcendeu os modos da natureza, bem como outras escrituras, boa parte da constatação de alguém como um devoto puro depende de fé.
Em termos de fé, tenho fé, tanto por seus atos como do impacto que teve em minha vida e na de tantos, que Srila Prabhupada é um devoto puro. Como devoto puro, sei que foi capaz de tornar puro Srila Acaryadeva e dotá-lo de poder para pregar para toda a América do Sul. Como Srila Acaryadeva é puro, tendo-se associado intensamente com Srila Prabhupada e o servido fielmente, ele pode dizer quem é puro, o que diz explicitamente de Dhanvantari Svami. Além dessa sucessão discipular de quem pode dizer quem é puro ou não – algo que julgo não condizente a quem pensa como Duryodhana – tenho minhas realizações pessoais em associação com Dhanvantari Maharaja, tanto no seminário como após ele, bem como observando minha consciência ao dormir ouvindo uma aula sua ou dormindo sem a mesma, por exemplo.
Será que há outra forma, supostamente mais objetiva, de dizer quem é um devoto puro ou não? Alguém talvez diga que Maharaja Paramgati não é um devoto puro, dado o ocorrido recente. Eu prefiro, como já deixei claro, subordinar pratyaksa e anumana a sabda, sabda na sua subdivisão do depoimento de devotos autoridades, do que o contrário: “Ah! Grandes devotos de Srila Prabhupada, grandes santos disseram que Maharaja Paramgati é puro, mas agora ‘vejo’ que não”.
Se fossemos valer de nossa percepção falha para dizer quem é qualificado ou não para suceder Srila Prabhupada, vejamos o que aconteceria:
- Alguém que sente atração sexual por sua própria filha pode ser um devoto puro?
Bem, Srila Prabhupada diz que o Senhor Brahma, o patriarca de nossa sucessão discipular, é um devoto puro – ou nossa sucessão discipular não vale de nada? –, e ele sentiu atração sexual por sua filha: “Vak [...] atraiu sua [de Brahman] mente ao sexo, embora ela não estivesse sexualmente inclinada a ele”. (SB. 3.12.18)
Prabhupada diz em seu significado (SB 3.12.34): “Jamais se esperou que uma grande personalidade como Brahma alguma vez pensaria em gratificar-se sexualmente com sua filha. O exemplo demonstrado por Brahma apenas sugere que o poder da natureza material é tão forte que pode agir sobre todos, até mesmo sobre Brahma. Brahma foi salvo pela misericórdia do Senhor com uma pequena punição, mas, pela graça do Senhor, ele não perdeu seu prestígio como o grande Brahma”.
Se você não acredita na pureza do senhor Brahma, porque ele factualmente atraiu-se sexualmente por sua filha, qual o seu interesse em Prabhupada, se o começo de sua sucessão discipular começa com um devoto que provou tal desejo sexual incestuoso? Por que você não se vale de seu juízo imperfeito para julgar a autenticidade do Senhor Brahma como guru autêntico ou não?
Só para constar, aqueles que riram do Senhor Brahma tiveram, como reação pecaminosa, que nascer apenas para serem mortos ainda bebes.
- Alguém ostentador?
Quando Pundarika Vidyanidhi estava para chegar em Navadvipa, Caitanya colocou-Se a glorificá-lo e a chorar em êxtase:
“Um dia, após muito dançar, o Senhor Caitanya sentou-Se e exclamou: ‘Ó Pundarika! Ó Meu pai!’, e então Se pôs a chorar. ‘Ó Pundarika, Meu querido pai, quando vê-lo poderei?’. (Caitanya Bhagavata, Madhya 7.12-13)
Embora Caitanya Mahaprabhu pudesse compreender que Pundarika Vidyanidhi era um devoto puro, Gadadhara, a fim de nos ensinar esta lição, não o pôde. A visão de Gadadhara ao entrar nos aposentos de Pundarika é descrita da seguinte forma por Vrndavana dasa:
“Dois pomposos espelhos repousavam de ambos os seus lados. Pundarika continuamente olhava para o espelho e sorria com seus lábios avermelhados pelo mascar das nozes. Também de ambos os seus lados, encontravam-se cuspideiras de beleza ímpar”. (Caitanya Bhagavata, Madhya 7.61)
“Dois homens se posicionavam atrás dele e continuamente o refrescavam com abanadores de penas de pavão”. (Caitanya Bhagavata, Madhya 7.62)
A descrição do Caitanya Bhagavata prossegue mostrando-nos como é difícil, senão impossível, identificar um devoto puro por meio da mente, dos sentidos e da inteligência materiais:
“Embora Pundarika Vidyanidhi fosse verdadeiramente um grande Vaisnava, ele, externamente, era tal qual um materialista. Ele comia alimentos requintados, e, além de se vestir com roupas finas, seu cabelo era perfumado por essências de custo elevado”. (Caitanya Bhagavata, Madhya 7.69)
“Gadadhara pensou: ‘Que espécime de Vaisnava é este homem, rodeado de tanto refinamento e luxo?’. Gadadhara desenvolvera respeito por Pundarika após sobre ele haver ouvido, mas, agora, perante ele, esse respeito gratuito aos poucos cedia espaço para grande desconfiança”. (Caitanya Bhagavata, Madhya 7.70)
- Alguém que distribui maconha?
Prabhupada, citado por Srutakirti no Uvaca 141 do What is the Difficult, conta: “Quando eu era jovem, meu pai, algumas vezes, ele caminhava ao longo das margens do rio Ganga. Ele parava nas pequenas choupanas dos diferentessadhus ali e lhes dava ganja [maconha]. Algumas vezes, os Paramahamsas fumam um pouco de ganja para ajudar no controle de seus sentidos. Então ele lhes fornecia ganja”.
Isso quer dizer que: “Ah! Só porque Prabhupada era um devoto puro não quer dizer que seu pai também tivesse de ser”? Se abrirmos o Krsna Book de Srila Prabhupada – um devoto puro, ou seja, alguém capaz de reconhecer um devoto puro – encontraremos a seguinte dedicatória: “A meu pai, Gour Mohan De, um devoto puro de Krsna”.
- Alguém que quer ser adorado?
“‘Lembro-me de quando eu era jovem’, ele disse uma noite em seu quarto. ‘Eu observava Mahatma Gandhi. Ele tinha muitas pessoas ao seu redor, protegendo-o dos milhares de admiradores. Eu pensava: ‘Algum dia, eu também quero ter admiradores atrás de mim’. E agora eu tenho”. (Srutakirti, Uvaca 104)
Esta última citação é de Prabhupada, a qual mostra que, pelo nosso raciocínio falho, de alma condicionada, facilmente poderíamos, juntamente com Brahma, Pundarika e Gour Mohan De, julgarmos Prabhupada como um devoto impuro, como fazem tantos alegando-o ser homofóbico, xenofóbico, não ter cantado 64 voltas diárias e tantas outras barbaridades só acomodáveis nos corações de observadores duskrtas. De fato, um duskrta encontra falhas na pessoa bhagavata e no Srimad-Bhagavatam; logo, seu “encontrar” nada nos diz. É pela misericórdia dos devotos que sucederam Prabhupada que temos a compreensão de que Prabhupada é puro, e é pela misericórdia de Prabhupada que temos a compreensão de que os devotos que o sucederam são puros.
A Fé no Mestre Espiritual
Assim, apesar das milhares de descrições do uttama-adhikari, aceitar alguém como tal é produto de fé, visto que o comportamento dos devotos é inconcebivelmente transcendental. Às vezes, um devoto puro “cai” para ensinar como se levanta e se retoma a vida espiritual, como o caso de Arjuna. Às vezes, o devoto começo sua vida como um impersonalista ou um brahmana arrogante, como Bhaktivinoda Thakura e Caitanya Mahaprabhu, respectivamente, para mostrar que é pela bênção dos devotos que estão em carne e osso nesse planeta, como instrumento da misericórdia dos acaryas anteriores, que nos tornamos devotos. Às vezes, um devoto fala ou escreve uma bobagem, como Sua Onipotência Srila Vyasadeva, para mostrar como, buscando o mestre espiritual, podemos nos redimir do que falamos ou escrevemos errado.
Agora fica a minha pergunta: Os ritvikvadis, que gastam sua energia blasfemando os devotos ocupados na missão de Caitanya Mahaprabhu sob a bandeira da ISKCON – indo contra a condição de Caitanya Mahaprabhu para se cantar o santo nome constantemente: estar pronto para oferecer todo o respeito aos outros –, são capazes de dizer quem é um devoto qualificado a conceder diksa e quem não é? A minha resposta é um categórico NÃO! Os devotos puros – como aqueles feitos por Prabhupada – são insondáveis, e feliz é quem tem fé neles: Sua Santidade Paramgati Svami, Sua Santidade Purusatraya Svami, Sua Santidade Candramukha Svami, Sua Santidade Dhanvantari Svami, Sua Santidade Jayapataka Svami, Sua Santidade Hridayananda dasa Gosvami, Sua Santidade Bhakti-tirtha Svami, Sua Santidade...
Quero Ser um Instrumento de Krsna e um Amigo de Verdade
Lembro que quando eu era um bhakta meio perdido na vida, no princípio de 2005, foi espalhado o boato de que Maharaja Candramukha havia caído. Fiquei profundamente deprimido. Ao voltar para o seminário, contudo, Maha Krsna Nama, discípulo de Jayapataka Svami, protegeu-me tanto com sua ira contra aqueles que inventaram a mentira como com embasamento filosófico.
Assim, entendo que a forma mais pró-ativa de reciprocar a proteção que recebi é protegendo igualmente a fé daqueles que a têm em seus gurus também. Não sou nenhum madhyama-adhikari, mas tampouco sou aquele kanistinha de fé fraca no guru e nenhum embasamento escritural. Se eu ajudar um único devoto confuso em sua fé em seu guru com este e-mail me considerarei bem-sucedido e um amigo de verdade, assim como Mukunda o foi para com o confuso Gadadhara, que achava que Pundarika não era puro:
71. Entendendo a mente e o coração de Gadadhara, Mukunda decidiu encarregar-se de expor a verdadeira natureza de Pundarika Vidyanidhi.
73. Com uma voz muito doce, Mukunda começou a cantar um verso glorificando o serviço devocional.
74. Ele cantou: “A impiedosa demônia Pütanä sentia grande prazer em beber sangue de crianças. Ungindo seus seios com a venenosa substância kälaküta, ela estabeleceu por meta matar o Senhor Krsna”.
75. “Mas porque ofereceu seus seios ao pequeno Krsna, ela obteve a maior das aquisições, recebendo a posição de mãe do Senhor. Quem seria estúpido o suficiente para não adorar este Senhor Krsna, Senhor de tão imensa misericórdia?”.
78. No mesmo instante em que estas palavras concernentes ao serviço devocional adentraram seus ouvidos, Pundarika Vidyanidhi começou a chorar.
79. Lágrimas de amor extático jorravam de seus olhos, escorrendo por seu rosto tão profusamente quanto o Ganges.
80. Todos os sintomas de êxtase espiritual manifestaram-se simultaneamente em sua pessoa. Ele chorava, tremia, rolava pelo chão, arrepiava-se e desmaiava.
81. “Repita! Repita!”, ele dizia em uma voz estrondosa como um rugido. Ninguém era capaz de segurá-lo, e ele continuamente caía ao chão.
82. Muito agitado pelas emoções espirituais, ele colocou-se a chutar, sem reservas, todas as suas posses abastadas, que se partiam ou se danificavam ao se encontrarem com o chão.
83. As reluzentes vasilhas d’água, a belíssima bandeja com nozes de bétel e a cuspideira foram atiradas em diferentes direções, tornando o local uma grande desordem.
84. Com seu assento caído depois de muitos chutes, ainda tomado de amor por Krsna, ele colocou-se a esfarrapar suas suntuosas vestes.
85. Enquanto chorava e rolava pelo chão, seu cabelo ficou completamente desgrenhado.
86. Ele gritava: “Ó Krsna! Ó meu Senhor, Krsna! Ó minha vida! Você fez de mim um homem de coração de pedra!”.
88. Ele caiu ao chão e continuou a rolar com grande violência. Todos temiam que seus ossos se quebrassem.
89. Seu tremor extático era tão intenso, que, embora dez homens tenham tentado segurá-lo, malsucedidos foram.
90. Chutando tudo ao seu redor, nada permaneceu como antes..
91. Seus discípulos ficavam apenas parados, indefesos, não vendo nada que pudessem fazer.
92. Por algum tempo, ele prosseguiu nessa exibição tempestuosa de amor extático pelo Senhor Krsna; até que, por fim, desfaleceu ao chão.
93. Não havia respiração nem qualquer outro sinal de vida presente em seu corpo. Pundarika Vidyanidhi estava imerso no oceano da bem-aventurança extática.
94. Pasmo diante do que testemunhava, Gadadhara ficou muito ansioso.
95. Em seu coração, o Pandita pensava: “Que tipo de inauspiciosidade se recaiu sobre mim para que eu pensasse de maneira tão ofensiva? Uma grande alma eu ofendi!”.
96. Gadädhara então abraçou Mukunda, sobre o qual derramou suas lágrimas de amor e gratidão.
97. “Mukunda”, disse Gadädhara, “você agiu como um amigo de verdade; você me revelou o grande devoto que é Pundarika Vidyänidhi Bhattacarya”.
99. “Hoje, unicamente porque você estava próximo de mim, fui capaz de evitar uma grande e perigosa catástrofe”.
Mukunda, para expiar sua ofensa, refugia-se no guru que antes ofendera por ignorância. Interessante observar que mesmo Krsna sempre aceita um guru para mostrar exemplo, seja como Vyasadeva, Krsna, Rama, etc. e, desnecessário dizer, todos os gurus de Krsna estavam no planeta quando Ele se refugiou neles – óbvio!
102. “Não obstante, querido Mukunda, ofensivo fui, e tamanha foi a extensão de minha ofensa que preciso fazer algo para que o coração de Pundarika Vidyanidhi se apiede de mim”.
103. “Todo devoto que trilha o caminho do serviço devocional deve ter um mestre espiritual como guia”.
104. “Embora eu caminhe por esta trilha, eu não tenho um mestre espiritual. Decidi, portanto, que devo aceitar Pundarika Vidyänidhi como meu mestre espiritual, pois ele é qualificado para me dar a iniciação mântrica, bem como todas as diretrizes de que preciso para a prática do serviço devocional”.
Prabhupada é Fonte de Vida
Prabhu Visvaguru, como meu benquerente, não tenho dúvidas, disse que eu deveria ter cuidado com o que falo. Carrego sempre comigo também as palavras de Maharaja Purusatraya sobre o episódio em que um devoto disse que a faculdade era “maya” e Sua Santidade disse que não é qualquer um que deve aconselhar outros.. Concordo plenamente, e estou refletindo sobre seu e-mail, mas, uma vez que Krsna é não dual, Ele só pode ser servido por um processo não dual; assim, o serviço devocional pode-se manifestar tanto por meio de linguagem afável como por meio de críticas. Por ambos os meios, meu falso ego estaria presente. Deveria eu rejeitar ambos, então? Não agir nunca é uma opção; e Krsna diz que assim como a fumaça do fogo deve ser tolerada e o fogo usado, sigo apesar da presença inevitável do meu fumacento falso ego. Além disso, a inação não garante ausência de reação, como pensou Arjuna em determinado momento. Ao contrário, para ele, não ter lutado o teria tornado um pecador, ou seja, alguém que agiu diferente da vontade de Krsna. Segundo Rupa Gosvami, se alguém ouve uma ofensa – ouvi ofensas a todos os gurus da ISKCON – e não contra-argumenta, é como se ele mesmo houvesse cometido a ofensa. É... Viver é um negócio perigoso. “Um perigo a cada passo”, disse Prahlada...
Criticar os devotos que acham que podem blasfemar todos os devotos que serviram e servem Prabhupada mais e melhor do que eles e que acham ainda assim poderem levar alguém para Vrndavana é uma forma que vejo de evitar que outros também se ocupem em tal blasfêmia – inclusive eu: quem é imune a maya? – e talvez de ajudar os devotos envolvidos nessa blasfêmia, especialmente um co-seminarista meu que me é muito querido, a entenderem que a sucessão discipular é cheia de vida, pois Prabhupada é fonte de vida.
Vários Ramos Discipulares a Partir de Prabhupada Não (Lhe) É Algo Ruim
Apesar de Jayapataka Maharaja e equipe já estarem apresentando todos os fundamentos de que Prabhupada queria a continuidade da sucessão discipular, como quiseram todos aqueles anteriores a ele – obviamente – cito apenas uma cartinha para não dizerem que não me vali sequer de uma das infinitas evidências.
“Em relação à sua questão sobre a sucessão discipular descendo a partir de Arjuna, é exatamente como eu tive os meus discípulos; assim, no futuro, esses muitos discípulos podem ter muitos ramos de sucessão discipular. Assim, em uma linha de discípulos, nós talvez não vejamos outro nome vindo de uma linha diferente. Mas isso não significa que aquela pessoa cujo nome não aparece não está na sucessão discipular. Narada foi o mestre espiritual de Vyasadeva, e Arjuna foi discípulo de Vyasadeva, não como discípulo iniciado, mas havia uma relação sanguínea entre eles. Assim, há conexão dessa forma, e não é possível listar todas essas relações na breve descrição do Bhagavad-gita Como Ele É. Outro ponto é que a sucessão discipular não significa que se tem de ser diretamente discípulo de uma pessoa em particular.. As conclusões que tentamos explicar no Bhagavad-gita Como Ele É são as mesmas conclusões de Arjuna. Arjuna aceitou Krsna como a Suprema Personalidade de Deus, e nós também aceitamos a mesma verdade sob a sucessão discipular de Caitanya Mahaprabhu. Coisas iguais à mesma coisa são iguais entre si. Isso é uma verdade axiomática. Assim, não há diferença de opinião na compreensão de Krsna entre nós e Arjuna. Outro exemplo é que uma árvore tem muitos ramos, e você encontrará uma folha aqui e outra folha lá. Mas se você pegar esta folha e a outra folha e espremer as duas, você verá que o gosto é o mesmo. O gosto é a conclusão, e, a partir do gosto, você pode compreender que ambas as folhas são da mesma árvore”. (Carta a Kirtanananda – 25 de Janeiro de 1969)
Meus Votos
Se os devotos que não acreditam na continuação da sucessão discipular porque não acreditam que Prabhupada foi puro o suficiente para fazer sequer um devoto puro puderem ao menos seguir com sua adoração avidhi-purvakam de Prabhupada sem blasfemar os devotos que têm dedicado suas vidas à propagação do santo nome do Senhor, prontos a oferecer todo o respeito aos outros sem desejar nenhum respeito para si – como recomenda Caitanya Mahaprabhu –, e sem cuspir no prato que comeram – sujeitando-se a se tornarem ratos novamente – ainda os terei, de alguma forma, com algum apreço, especialmente meu querido irmão e co-seminarista agora confuso; a quem nem sei se sou igualmente querido. De outro modo, com o prosseguimento de e-mails diários repletos de ofensas (e até mesmo correspondências físicas!), procederei com a completa indiferença – virtual e pessoal –, como recomenda Rupa Gosvami após a oferta de instrução; mas, como recomenda-nos Bhakti-tirtha Svami, odiando o pecado – também o que está em mim –, e nunca o pecador.
Quanto aos devotos da ISKCON, que têm profunda fé em seus gurus e no poder de Prabhupada de tê-los qualificado, peço que, por favor, aceitem-me como servo de vocês todos e me dêem suas bênçãos. Que possamos levar em frente a ISKCON e a BBT de Prabhupada levando muito a sério nossos votos e especialmente a nossa japa, que é a grande mantenedora dos quatro princípios. Que possamos estar sempre muito unidos – tanto por ameaças externas como por atração espontânea por aqueles que compartilham de uma mesma meta. Que possamos manter nossos inúmeros projetos bem-sucedidos mundo a fora e criar inúmeros novos. Que possamos crescer em todas as direções, com muitos ramos de folhas iguais, como faz uma árvore saudável! Que Prabhupada abençoe todas as vindouras gerações desta incessante família transcendental!
Vosso servo,
Bhagavan dasa (DvS)