HARE KRISHNA!
Meu querido senhor Mahesvara Caitanya Das, por favor aceite as minhas sinceras reverencias!
Meu corpo por mais de uma vez sentiu arrepios de alegria, por suas colocações tão lúcidas, cheias de luz!!! Obrigado por nos iluminar! Vamos fazer uma análise curta: o senhor Luiz, com sinceridade abriu seu coração e expôs todas as suas visões, causando insegurança aos devotos neófitos, fazendo-os vacilar na magnitude desta corrente maravilhosa trazida pelo senhor Srila Prabhupada. O senhor Luiz é muito inteligente!
E o resultado esta ai, recebemos do senhor Prahladesh dasa e do senhor este presente sem precedências! Vocês se completaram sendo os dois indivíduos. Um erudito e um cientista transcendental, ambos devotos do SENHOR SUPREMO. Logo podemos aceitar o serviço do senhor Luiz com muita alegria, desta maneira ele indirectamente iluminou e fortificou muitos devotos vacilantes e escondidos em suas próprias duvidas, através de vossas respostas directas.
Seu servo
Nanda-gopa dasa
HARE KRISHNA!
Estimado Sr. Fernando Luiz,
Hare Krishna!
Quando o Prabhu Prahladesh Das escreveu "Ele pode não existir e continuar a ser eterno" acredito que podemos entender a palavra "existir" no sentido de "maifesto" e o termo "não existir" como "imanifesto". Antes, porém queria elucidar outro ponto, para depois retomarmos essa explanação.
O que você chama de "coerência de pensamento" e de "lógica" são conceitos comuns a visão convencional de realidade, cujo raciocínio é linear e simplista, estando, porém, distante de uma concepção da realidade mais profunda e transcendental. Essa visão tradicional não pode abarcar o conceito de Acintya-Bheda- Abheda-Tattva (princípio inconcebível do simultaneamente igual e diferente) que nos foi revelado por Sri Caitanya Mahaprabhu. Este conceito revela uma possibilidade de harmonização dos opostos, o que pode parecer algo ilógico e contraditório aos olhos conservadores.
Como você se mostra familiarizado com a filosofia, gostaria de lembrar-lhe que uma das partes da filosofia é a lógica. A matemática nada mais é do que lógica. Assim as proposições demonstradas pela matemática têm plena validade filosófica. Então não se há de fugir de nenhum argumento matemático com bases filosóficas para explicar os fenômenos da realidade que nos cerca. Sendo assim podemos demonstrar algumas afirmações baseadas em matemática que corroboram o conceito filosófico de Acintya-Bheda- Abheda-Tattva.
Por exemplo: dentro do conjunto dos números reais, o intervalo matemático entre 0 e 1 é menor que o intervalo matemático entre 0 e 2, ou seja: 1<2 2="" ou="">1, ou simplesmente 1≠2. No entanto, podemos observar que o intervalo matemático entre 0 e 1 possui infinitos números e que o intervalo matemático entre 0 e 2 também possui infinitos números. Dessa forma, se os dois intervalos têm a mesma quantidade de elementos componentes (infinitos números), então eles são iguais, ou seja: 1=2 ! 2>
Isso pode também nos arremeter ao verso de invocação do Sri Isopanisad: om purnam adah purnam idam, purnat purnam udacyate, purnasya purnam adaya,purnam evavasisyate – "isso é perfeito, aquilo é perfeito, do perfeito vem só o perfeito, depois de tomar o perfeito do perfeito, é perfeito que resta" (numa tradução mais literal). Esse verso também está dentro da visão conceitual do Acintya-Bheda- Abheda-Tattva.
Note que, demonstrando concordância com o verso, de certo ponto de vista, qualquer intervalo matemático possui a mesma quantidade de elementos que todo o conjunto dos números reais (infinitos elementos), assim como qualquer soma ou subtração entre os intervalos, exibindo um comportamento holográfico, onde cada parte do todo conserva em si mesmo esse mesmo todo. Porém de outro ponto de vista, os mesmos intervalos expressam diferentes quantidades. Parece um pensamento incoerente e ilógico, mas não é.
Atualmente, a física moderna nos mostra várias situações onde a lógica convencional não se aplica, porém o conceito de Acintya-Bheda- Abheda-Tattva se encaixa como uma luva. Por exemplo, a luz pode ser entendida como uma onda, algo impessoal, ou pode ser entendida como uma partícula, algo pessoal.
Até hoje, o comportamento onda/partícula da luz e das demais radiações eletromagnéticas parece algo contraditório e inconcebível. Porém a luz, assim como as demais radiações, harmoniza em si esses dois aspectos aparentemente conflitantes.
Retomando o ponto anterior, sobre "não existir e ser eterno", ou melhor, "não estar manifesto e ser eterno", podemos apontar o exemplo palpável das flutuações quânticas. Segundo a teoria quântica o vácuo não é totalmente vazio ele está repleto de flutuações quânticas que forma pares de fótons virtuais, porque, no tecido espaço tempo não curvo, eles aparecem e desaparecem, como resultado do principio da incerteza de Heisenberg.
Assim, esses fótons são hora observáveis (manifestos) e hora inobserváveis (imanifestos) , porém, sempre existentes, ou seja, eternos. Isso pode parecer um tanto ilógico e irracional para os conceitos comuns do nosso dia-a-dia. Se o mundo da física quântico-relativisti ca pode apresentar situações tão desconcertantes como esta, imagine as qualidades transcendentais de nosso Senhor Supremo!
Quanto ao resto de suas afirmações, acredito que o próprio Prabhu Prahladesh Das já tenha respondido com maestria em sua última mensagem.
Não me extenderei mais, apesar de querer, por falta de tempo. Talvez, em momento oportuno, poderei dar continuidade a esse assunto.
Hari bol!
Mahesvara Caitanya Das
Fernando Luiz,
Prahladesh Prabhu,
Demais queridos devotos e devotas do Senhor,
Minhas reverências,
Todas as glórias a Srila Prabhupada!
Sei que estou "devendo" a continuação e conclusão dos comentários sobre varnasrama, e que "a mente dos que não são resolutos é multidiversificada". Por favor, perdoem minhas falhas, e me permitam comentar mais esta mensagem.
Sei que não somos um fórum impersonalista ou budista, mas tivemos anteriormente que ouvir Krishna ser descrito como "produto de nossa imaginação", sem achar que isso fosse algum tipo de provocação.
Tentei o melhor que pude, usando as mesmas ferramentas de lógica e argumentação, ajudar bhakta Fernando Luiz a compreender as falhas nas suas especulações.
Depois, tivemos que ouvir nossos líderes e pessoas a quem devemos nossa compreensão e avanço espiritual serem diminuidos devido a alguns terem tido problemas, em geral, muito menores do que aqueles que nós mesmos tivemos ao longo de nossa vida espiritual. Tudo em nome de uma suposta "ligação direta" com Srila Prabhupada que excluiria qualquer possibilidade dos seus discípulos comentarem, usando sua própria realização espiritual, qualquer dos livros deixados por seu mestre.
Evidentemente, os comentários impersonalistas e niilistas do autor da proposta não foram considerados "insuportáveis", "caídos" e contrários aos ensinamentos e exemplo de vida do próprio Srila Prabhupada.
Novamente tentei, dentro de minhas possibilidades, relevar a atitude pouco "louvável" do nosso querido bhakta, na esperança de que ele possa, um dia, entender o que fez aqui.
Porém, tendo em vista esta nova mensagem do nosso "bhakta", gostaria agora de pedir humildemente desculpas aos senhores (e ao próprio Fernando Luiz) por fazer as seguintes perguntas ao Fernando Luiz:
-Fernando, com 48 anos de idade "nas costas" e do alto de toda a sua "inteligência", você não tem nada melhor a fazer do que "tirar onda" dos vaishnavas?
Primeiro você vem com aquela história de exercício mental saudável, "joga" a mensagem niilista, e pede que sejamos tolerantes e compreensivos.
Depois, faz a crítica mordaz de que todos os de "carne-e-osso" (corporificados) que estão tentando espalhar a consciência de Krisha não são confiáveis. Quem seria confiável então?
Você, que embora de carne-e-osso, está tentando minar a fé dos devotos e espalhar aqui o materialismo, o impersonalismo e o niilismo? Há, desculpe, você está apenas exercitando sua mente, e devotos como eu não podem ficar irritados com você, porque senão são falíveis e indignos de confiança bla bla bla...
Agora, fica fazendo gracinhas com um devoto que você considera que não o derrotou no seu "joguinho mental especulativo de significados de palavras". Você acredita mesmo que ninguém sacou o que você está fazendo?
Há sim, não é você, é sua mente! Que aliás, nem existe, é só uma ilusão! Assim como você mesmo, que nem está aqui nesse forúm: está com Krishna que, se existir, deve estar muito satisfeito com a lambança que você, inexistente, nem está aprontando. Bhahh!
Depois, "vomitou" toda sua inveja da honra que pessoas muito dignas receberam. O que houve? Queria ser horado e respeitado mas ninguém te deu atenção? Está com algum problema de auto-estima baixa? Se você não sabe o que é cultura e respeito, porque não vai aprender? Se quer que valorizem o que você diz, por que não vai buscar seguidores entre os materialistas dos sites existencialistas Internet afora?
Há, sei: você nunca teve problemas em seguir os princípios e cantar os mantras, mas ninguém reparou. Tadinho... Mas agora chegou a sua vez: todos aqui tem que ver como você é incrível, inteligente, esperto e... há, infálivel (em que pese as falhas crassas de suas manifestações aqui que, aliás, devemos perdoar: afinal, se perdoamos esses "líderes caídos" - éca - por que não perdoaríamos suas "pequenas" falhas - até porque são "inexistentes" mesmo).
Por fim, Fernando Luiz, embora o restante de suas tolices seja tão infantil que até uma pessoa pouco qualificada e letrada como eu possa respondê-las, não participarei mais de seu joguinho sórdido, mesquinho e, francamente, como você mesmo admite, imensamente miserável.
Na esperança de um dia ser perdoado por todos pelo "desabafo",
Seu candidato a servo,
Gopala Dasa (HDG)
Recife-PE - Brasil
Em 04 de junho de 2009.
Todas as Glórias a Srila Prabhupada!! !!
Perante todos os Devotos do Senhor, que são como Kalpatarus, eu me prostro em Dandavat, com uma palha entre os dentes e mais sujo e vil do que a poeira das ruas.
Querido Fernando Luiz Prabhu.
Muito obrigado.
Sadhu Sanga Ki Jaya !!!
Na resposta ao meu texto, entre outras coisas, o Prabhu Praladesh disse o seguinte: "O grande problema dos Budistas é que querem entender Deus com seus cérebros minúsculos, e somente aceitam a lógica e argumento e não aceitam os Vedas, o Bhagavad Gita e o próprio Krsna."
Sri Caitanya Mahaprabhu, Srila Prabhupada e os Buddhistas
Do "Sri Caitanya Caritamrta - Madhya 9. 42-49"
"Existem muitos tipos de filósofos. Alguns são lógicos que seguem Gautama ou Kanada. Alguns seguem Mimamsa de Jaimini. Alguns seguem a filosofia Mayavada de Sankaracarya, e outros seguem a filosofia Sankhya de Kapila ou o sistema de Yoga mística de Patanjali. Alguns seguem os Smrti Sastras compostos de 20 escrituras religiosas, e outros seguem os Puranas e o Tantra Sastra. Desta forma existem diferentes tipos de filósofos."
"Todos estes seguidores de diferentes escrituras estavam preparados para apresentar conclusões das suas respectivas escrituras, mas Sri Caitanya Mahaprabhu quebrou todas as suas opiniões em pedaços e estabeleceu Seu próprio culto de Bhakti baseado nos Vedas, Vedanta, o Brahma Sutra e a filosofia de Acintya Bhedabheda Tattva."
"Sri Caitanya Mahaprabhu estabeleceu em todos os lugares o culto do serviço devocional. Ninguém podia derrotá-Lo."
"Sendo assim derrotados pelo Senhor Caitanya Mahaprabhu, todos estes filósofos e seus seguidores entraram para Seu culto. Desta forma o Senhor Caitanya tornou o Sul da Índia num local de Vaisnavas."
"Quando os descrentes ouviram falar da erudição de Sri Caitanya Mahaprabhu, eles aproximaram- se d'Ele com muito orgulho, trazendo seus discípulos com eles."
"Um deles era um líder do culto Buddhista que era muito erudito. Para estabelecer as nove conclusões filosóficas Buddhistas, ele veio perante o Senhor e começou a falar."
"Embora os Buddhistas não possam argumentar e não devam ser vistos pelos Vaisnavas, Caitanya Mahaprabhu falou com eles para acabar com seu falso orgulho."
"As escrituras Buddhistas são baseadas em argumento e lógica, e contém nove princípios principais. Porque Sri caitanya Mahaprabhu derrotou os Buddhistas na sua argumentação, eles não puderam estabelecer seu culto."
No significado deste verso, Srila Prabhupada rejeita estes nove princípios um a um.
Também diz:
"Aqueles que são pregadores na ISKCON irão certamente encontrar muitas pessoas que acreditam na argumentação intelectual.
A maioria destas pessoas não aceitam a autoridade dos Vedas. No entanto, aceitam a especulação mental e a argumentação.
Portanto, os pregadores da Consciência de Krsna devem estar preparados para rejeitá-los com argumentação, exatamente como Sri Caitanya Mahaprabhu fez."
1 - A criação é eterna, portanto não é necessário um criador.
"...o objectivo último Buddhista é dissolver o corpo.Isto é proposto porque o corpo tem um começo.
Da mesma forma, toda a manifestação cósmica é como um corpo gigante, mas se aceitarmos o facto de que a criação é eterna não há a questão da aniquilação.
Portanto, a tentativa de aniquilar tudo para alcançar o zero é um absurdo..."
2 - A manifestação cósmica é falsa
"...se os prazeres e dores do corpo são falsos, a criação também é falsa...
...a criação material não é falsa ou imaginária, mas é temporária."
3 - "Eu sou" é a verdade
"...isto exclui a individualidade de "eu e "você".
Se não existe "eu" e "você" ou individualidade não há possibilidade de argumentação e a filosofia Buddhista depende da argumentação..."
4 - Há a repetição de nascimentos e mortes
"...os Buddhistas não explicam apropriadamente o próximo nascimento.. ."
5 - O Senhor Buddha é a única fonte para entendermos a verdade
"...não podemos aceitar isto porque o Senhor Buddha rejeitou os princípios do conhecimento védico...
...é preciso aceitar o princípio padrão de conhecimento. Se todos são autorizados, as escrituras serão interpretadas de muitas maneiras diferentes.. ."
6 - O princípio de Nirvana ou aniquilação é o objectivo último
"...a aniquilação aplica-se ao corpo, mas a alma espiritual transmigra de um corpo para outro...
....uma pessoa pode transcender a transmigração de corpos materiais e retornar ao lar, retornar ao Supremo...
...não que a existência torna-se vazia ou um zero..."
7 - A filosofia de Buddha é o único caminho filosófico
"...não podemos aceitar esta teoria porque existem muitos defeitos na filosofia Buddhista...
...a filosofia perfeita é aquela que não tem defeitos, e esta é a filosofia Vedanta..."
8 - Os Vedas foram compilados por seres humanos comuns
"...não havia ninguém no começo da criação a não ser Brahma. E ainda assim ele não compilou os Vedas.
Portanto, a conclusão é que os Vedas não foram compilados por ninguém comum. O conhecimento védico foi dado pela Suprema Personalidade de Deus, que criou o mundo material..."
9 - Aconselha-se piedade e mostrar misericórdia
"...mostrar misericórdia e compaixão são actividades relativas.
Isto não é a Verdade Absoluta.
...Somos objectos de misericórdia de pessoas superiores
...dar a um homem doente um alimento proibido não é misericórdia. É crueldade...
...como a filosofia Buddhista não admite a existência da alma espiritual, a chamada misericórdia dos Buddhistas é defeituosa.. ."
Srila A.C.Bhaktivedanta Swami Prabhupada Ki Jaya !!!
Querido prabhu Praladesh,
Peço que aceite as minhas mais respeitosas reverências.
O senhor é um devoto muitíssimo absorto e eu não sou digno de sequer dirigir-lhe as minhas palavras.
Mas apenas por sua misericórdia e grande compaixão, o senhor suporta, com muita paciência, perder tempo com um desprezível arrogante como eu.
Sri Caitanya Caritamrta Adi 2.117
siddhanta baliya citte na kara alasa
iha ha-ite krsne lage sudrdha manasa
"Um estudante sincero não deve negligenciar a discussão de tais conclusões, considerado- as controversas, porque tais discussões fortificam a mente.
Desta forma, a mente torna-se atraída à Krsna."
O seu sentimento devocional é admirável e também a sua fé.
Com muito receio de ofendê-lo, mas aceitando este fato como inevitável, eu sinto a necessidade de ousar revelar a minha opinião de que o seu discurso é típico dos devotos que não conhecem filosofia e não sabem raciocinar filosoficamente.
Me perdoe, eu não sei a sua idade, mas sinto que é um jovem e empolgado neófito. É apenas um palpite e tenho consciência de posso estar redondamente enganado. Quanto a mim, tenho já 48 primaveras e desilusões muito educativas.
Embora a idade actual conte muito, alguém pode ser muito avançado espiritualmente sendo muito jovem devido a experiências de outras encarnações.
De qualquer forma tenho 44 primaveras e desilusões também muito educativas.
Mas, um devoto assim, em compensação defende, cegamente e com muito fervor, o conhecimento que receberam de seus Gúros. Isso não é ruim! Pelo contrário é muito louvável, pois demonstra uma grande fidelidade e disposição a defender a qualquer custo aquilo que, para ti, é a coisa mais preciosa e sagrada da vida, a saber, tudo o que seu mestre falou.
Não cegamente, mas com fervor.
Porém, lamentavelmente, no sentido filosófico, o senhor faz algumas construções absurdas, de enunciados. A questão da oralidade é, pois, muito fundamental para os seres humanos conseguirem se comunicar adequadamente. E nesse âmbito existem algumas regras de coerência de pensamento que não devemos ignorar, pois do contrário o nosso discurso será muitíssimo ingênuo, absurdo, vazio e sem utilidade para comunicar o que quer que seja.
O senhor está na Terra e no mundo. Ainda não chegou em Vaikunta, querido prabhu. Por aqui, para nos compreendermos mutuamente, é necessário alguma lógica.
Sim.
Por exemplo, quando o senhor disse que: "Ele pode não existir e continuar a ser eterno.", o senhor cometeu um equívoco de coerência de pensamento e de lógica. Pois, quando digo que algo "não existe" estou querendo dar o significado de que não tem existência. E, se não tem existência, não pode "continuar a ser eterno". Se, continua a ser eterno está existindo. Ora, o que não existe, não existe! (risos). Desculpe prabhu! O senhor deve sempre, de sua posição muito superior a minha, me perdoar. Sou um arrogante.
Não é arrogãncia da sua parte. É simplesmente uma dificuldade pessoal de aceitar Sri Caitanya Mahaprabhu e Sua filosofia perfeita de Achintya-Bheda- Abheda, que reconcilia pontos que são irreconciliáveis pela lógica e pela razão.
Pela lógica e pela razão alguém não pode estar e simultaneamente não estar neste mundo material.
Ora, como alguém pode estar e não estar ao mesmo tempo?
Alguém não pode não existir e continuar a ser eterno.
Ora, como alguém pode não existir e continuar a ser eterno?
Krsna pode tudo isto.
Percebi também em sua fala uma sutil aversão em relação aos budistas. Ora, prabhu, com certeza os budistas estão equivocados em diversos pontos. Mas, creia, os devotos de krshna também estão. Somos todos seres humanos completamente falíveis.
Por favor, me responda qual é o critério que o senhor pode usar para julgar que uma pessoa está em um nível de Bhakti que não poderá mais cair de sua posição???
Eu já venerei, como o próprio Krshna, swamis vaishnavas, renunciados completos, respeitadíssimos, pertencentes ao GBC da Iskcon, que faziam os outros swamis saniasyns competirem para tocar os seus pés, e cujos sintomas de devoção e absorção em Bhakti preenchia e contagiava a atmosfera de qualquer ambiente em que entravam.
Eu conheci, pessoalmente, três swamis assim. Venerados por todos os devotos e gúros como verdadeiros sadhus vivendo no êxtase de Vrindávana aonde estivessem.
Sabe, querido prabhu, estes três sanniasyns caíram de suas posições, por simples questões de sexualidade mal resolvida ou outras banalidades profissionais, familiares, etc. Isto, ninguém me contou! Eu os conheci pessoalmente!
Então, meu querido irmão prabhu Praladesh, quem, entre nós, pode garantir que aquele que nós veneramos como nossos gúros, que veneramos como o próprio Krshna, não é passível de cometer erros que nem nós mesmos em nossa pequenez, com medo das regras da sociedade, nos abstemos de cometer.
Quero dizer que conheço prabhus devotos de krshna que não possuem nem os menores atributos para se considerarem vaishnavas. Apenas porque conseguem, comodamente, permanecer vegetarianos, ou ficam, artificialmente, se privando de sexo, se acham seres divinos.
Não tenho aversão subtil em relação aos Budistas, mas aversão evidente à Filosofia Budista. E não só eu, mas todos os Vaisnavas.
Sim, passei pelas mesmas experiências.
E então??? Qual o problema???
No "Sri Krsna Bhajanamrta" de Srila Narahari Sarakara Thakura está explicado que devemos aceitar outro Mestre Espiritual caso o nosso Guru incorra em determinadas atitudes. Desta forma poderemos seguir em frente na prática do serviço devocional. Srila Rupa Gosvami esclarece a sequência do processo de Bhakti em seu livro Bhakti Rasamrta Sindhu da seguinte forma:
adau sraddha tatah sadhu-sango
'tha bhajana-kriya
tato 'nartha-nivrittih syat tato
nistha ruchis tatah
athasaktis tato bhavas tatah
premabhyudanchati
sadhakanam ayam premnah
pradurbhave bhavet kramah
"No começo, a pessoa deve ter um desejo preliminar pela auto-realização (Sraddha). Isso trará a pessoa para o estágio de tentar se associar com pessoas que são espiritualmente elevadas (Sadhu Sanga). No estágio seguinte, a pessoa é iniciada por um Mestre Espiritual, e sob a sua instrução o devoto neófito começa o processo do serviço devocional (Bhajana Kriya). Pela execução do serviço devocional sob a orientação do Mestre Espiritual, a pessoa fica livre de todo apego material (Anartha Nivritti), alcança firmeza na auto-realização (Nistha) e obtém um gosto por ouvir a respeito da Absoluta Personalidade de Deus, Sri Krsna (Ruchi). Esse sabor leva a pessoa mais adiante até o apego pela consciência de Krsna (Asakti), que amadurece em Bhava, ou o estágio preliminar do amor transcendental por Deus. O verdadeiro amor por Deus é chamado Prema, o estágio de vida perfeccional mais elevado."
Um Madhyama Adhikari Guru pode nos levar somente até a fase de Nistha.
Precisamos de um Uttama Adhikari Guru para nos orientar até o último estágio de Bhakti, Krsna Prema.
Se o Guru (ou Diksa ou Siksa, ou Sannyasi, ou Vanaprastha, ou Grhastha ou Brahmacari ou um devoto ou uma devota) for um Madhyama Adhikari, ou se incorrer em determinadas atitudes incorretas devemos ser gratos por nos terem levado até um determinado estágio de Bhakti, porém não devemos rejeitá-los como evidenciado no "Sri Krsna Bhajanamrta" .
Mas precisamos de um Uttama Adhikari Guru para nos orientar até o último estágio do processo de Bhakti que é Krsna Prema.
Isto é inquestionável.
Srila Prabhupada explica:
"Com nossos actuais sentidos materializados não podemos perceber nada do Senhor trancendental. ...
...Assim, temos que nos informar sobre a forma transcendental do Senhor com pessoas que realmente O vêem com olhos perfeitos, ungidos com serviço devocional."
Srimad Bhagavatam 1.3.4
Fim da citação.
E como encontramos um Sadhu?
SS Gaura Govinda Swami explica:
"Devoto: Como é que reconhecemos um Sadhu?
Gaura Govinda Svami: Chore perante Krsna. Só Ele pode ajudá-lo a encontrar um Sadhu. Você não pode reconhecer um Sadhu. Você não tem visão para ver o Sadhu. Se você tentar por si mesmo reconhecer um Sadhu, então você será enganado. Se você for sério e, em seguida, chorar diante dEle. "Ó Krishna! Eu sou Seu servo! "
aynanda-tanuja kinkaram
patitam mam visame bhavambudhau
krpaya tava pada-pankaja -
stita-dhuli- sadrsam vicintaya
Mahaprabhu ensinou-nos isso. Isso é o choro perante Krsna. "Oh! Nanda-tanuja, filho de Maharaja Nanda, eu sou Seu kinkara, seu servo. De alguma maneira ou outra caí neste terrível oceno da existência material e estou afogado desde tempos imemoriais. Mas gostaria de Lhe servir. Como é que posso Lhe servir?
Como posso tornar-me uma partícula de poeira em Seus pés de lótus? Por favor, me ajude. "Simplesmente chore. Sem a ajuda de um Sadhu você não pode se aproximar de Krsna. Você não pode pronunciar o nome de Krsna. Quando você chorar assim, Krsna que está no seu coração como Paramatma vai dizer: "Oh agora ele está chorando por Mim." Então, Ele faz um arranjo.
Este é o bom caminho. Se, pelo seu próprio esforço tentar reconhecer um Sadhu, você será enganado. Você não pode ver um Sadhu. Você não tem nenhuma visão de todo. Você verá apenas tudo por fora, as coisas externas. Você não pode ver a coisa real.
Há muitas pessoas que são apenas exteriormente Sadhus. Você ficará encantado com as suas actividades externas: "Oh, ele é um grande Sadhu! Sim, ele está produzindo ouro!" Você vai ser enganado.
Você não pode obter um verdadeiro Sadhu [desta forma]. Um verdadeiro Sadhu é aquele que está completamente absorto em Krishna, dia e noite, vinte e quatro horas. Ele obteve Krsna. Ele está com Krsna. Ele pode dar-lhe Krsna. Você não pode vê-lo. Você não tem visão. Só você pode chorar por Krishna de dentro de seu coração.
Este não é um choro externo. É interno. Então Krsna, que está no seu coração, vai ver que você está chorando e Ele vai ajudá-lo. Ele fará um arranjo para que você possa encontrar este Sadhu. Esse é o arranjo de Krsna. Se você conhecer uma pessoa e sentir uma certa atracção espontânea do interior do seu coração. Essa atracção é a prova.
Devoto: Encontrar um Sadhu é muito raro. Como podemos obter esta oportunidade?
Gour Govinda Swami: É um facto que é raro, mas se você realmente estiver chorando por Krishna, então Ele pode fazer um arranjo. É impossível para você, mas nada é impossível para Krsna."
Vancouver, Maio de 1993.
Fim da citação.
Com nossos sentidos materializados não podemos compreender nada sobre Krsna e Seus Sadhus puros.
Este choro é o cantar do Maha Mantra Hare Krsna.
Ao mesmo tempo, conheço Budistas que têm sintomas de Bhakti elevada. Que dentro da sua doutrina aparentemente ateísta, possuem uma bela e sublime idéia de Deus, ao seu modo.
Por favor, meu querido prabhu. Não julgue as pessoas.
E sobre filosofia, saiba que a sua constituição de pensamento, a maneira como o senhor consegue imaginar as coisas, ainda não pode ser empregada em uma discussão filosófica.
A "minha" constituição de pensamento é a de Achintya-Bheda- Abheda de Sri Caitanya Mahaprabhu.
Gostaria, ainda, de lembrá-lo de que o meu "sidhanta" também é teísta. A finalidade do meu texto não é "negar" Deus. O prabhu Nanda-Gopa o compreendeu perfeitamente e me presenteou com uma derrota muito honrosa. Foi muito bom ser derrotado por ele.
Querido Fernando, sem dúvida você não nega Deus, mas somente não O aceita como Ele próprio se descreve.
E sem dúvida o Budismo, para alguns é um passo preliminar para depois aceitar Krsna.
Srila Prabhupada explica que Krsna apareceu como Buda para atrair os ateístas, para que eles adorem Buda e indiretamente adorem Krsna.
Sabe, prabhu, também sou iniciado. O meu mestre não pertence ao Vaishnavismo, mas é muito querido pelos devotos de krshna em geral. É um senhor muitíssimo piedoso, nascido e criado na Índia. Educado para ser monge desde a infância. E ainda vive como monge mendicante itinerante. Pertencente a uma autêntica e tradicional família de Brahmanes.
A irmã dele é, também, muito absorta em Yoga e em Bhakti e pelos sintomas que sente não se alimenta há mais de 10 anos e é muito conhecida, atualmente, na Índia, por isso.
Muitos santos Vaisnavas na India também vivem como monges mendicantes itinerantes completamente absortos em Krsna Prema no mais alto nível de devoção amorosa à Sri Sri Radha Krsna. São Paramahamsas Rupanuga Acaryas.
Então, querido prabhu, eu peço perdão por minha ousadia irreverente e minha arrogância. Isso se deve à minha posição muito miserável. Eu dependo totalmente da misericórdia do meu mestre.
Não se apegue muito aos ensinamentos que são por demais dependentes de uma CONCLUSÃO do que está escrito. Pois, TUDO o que pode ser ESCRITO possui, OBRIGATORIAMENTE, pelo menos, DOIS SIGNIFICADOS, quais sejam, UM DENOTATIVO (ou literal) E OUTRO CONOTATIVO (ou indireto).
Por exemplo o meu Mestre provou para uma platéia de devotos de Krshna que, por exemplo, as dez cabeças de Ravana são apenas um simbolismo para as suas dez qualidades demoníacas. Pois, se fosse assim, como a mãe de Ravana poderia ter dado a luz a ele? E, também, que Krshna nunca teve pele azul. Quando isso é descrito nas escrituras deve ser compreendido como uma CONOTAÇÃO de atributos de Krshna que são simbolicamente e poeticamente descritos daquela maneira.
Um devoto, precipitado, tentou argumentar que Krshna era muito preto. E, que quando a pessoa é muito negra ela "reflete" a tonalidade azulada do céu. Isso provocou uma explosão de risos na platéia e o devoto caiu em ridículo. Meu mestre, Swami Brahmananda, muito compassivamente e cheio de constrangimento, explicou que Krshna nasceu no norte da Índia e que lá todos têm pele muito clara. E ele sabe disso muito bem porque é nascido e criado lá.
Então, querido prabhu, é por esses pontos de diferentes tipos de raciocínio, que eu, uma pobre jiva, nunca pude me entregar totalmente ao sistema Vaishnava. Por que tenho um modo diferente de compreender as assertivas das escrituras védicas. Mas, só podemos compreender as coisas com a nossa própria inteligência e capacidade, não é?
Exatamente, é o mestre ou Guru que vai determinar o que é Denotativo ou Conotativo nas escrituras.
Ravana viveu em Treta Yuga. Além de ser um demônio era um grande místico com grandes poderes (Siddhis). E juntamente com seu irmão Kumbakarna eram na verdade Jaya e Vijaya, os porteiros de Vaikuntha Loka. Nesta era as pessoas viviam por 10.000 anos.
As pessoa de Treta Yuga tinham capacidades que não conseguimos imaginar sequer.
Tudo isto os Acaryas Vaisnavas aceitam denotativamente.
Enquanto outros Mestres poderão aceitar conotativamente.
"Krsna é ilimitado e Suas ações são verdadeiramente insondáveis por meio de nossa inteligência limitada. A entidade viva limitada jamais poderá compreender COMPLETAMENTE o ilimitado, mas podemos entender até onde Ele Se revela e nos dota de poder para compreender. O que quer que realmente saibamos, podemos saber através da mediação das escrituras reveladas e pessoas santas. Como Krsna recomenda em Bg. 4.9, é importante que compreendamos a natureza divina de Seu aparecimento e de Suas atividades, mas o processo de tal compreensão não é por meio de nosso empenho mental, senão que o é por meio do ouvir em sucessão discipular (Bg. 4.2 e 4.34).
Tal ouvir, acompanhado de atitude submissa, serviço e grande fé, permitirá que compreendamos verdadeiramente (tattvatah) e então voltemos ao Supremo; uma compreensão teórica ou intelectual não produzirá tal resultado.
No concernente à razão por trás da compleição azulada de Krsna, aqui está uma belíssima explicação oferecida no Krsna Bhakti Ratna Prakasa de Raghava Gosvami, onde se declara:
atha kaiscid uktam. yadi sva-prakaso lila-rasa-mayah paramatma-svarupas tasmin katham syama-varnatvam sarvatra prasiddham. yatha srutau rupam na vedyam na ca bindunadah ity adi. tad aha
syamabhatvam vidhatte yat
sarva-varno 'tra liyate
nityam ca prabhavaty eva
kalo 'smin naiva vidyate
"Neste ponto, alguns talvez perguntem: Por que a forma da Personalidade de Deus, manifesta por Ele apenas por Seu próprio desejo, e que é feita da doçura dos passatempos transcendentais, é famosa em toda parte por sua compleição escura?"
Parte da resposta a esta pergunta pode ser encontrada na declaração do Sruti-sastra: "Ninguém pode compreender sequer uma gota da forma transcendental do Senhor". Além disso, também se afirma: "Ele manifesta eternamente a cor syama, dentro da qual repousam todas as cores. Sua compleição não é a cor material 'preto'."
Assim, a partir do último verso, lemos a declaração "sarva-varno", que significa que a cor syama é uma cor especial, a qual é como uma composição de todas as cores.
Notamos que, se combinarmos todas as cores, obtemos uma cor que é enegrecida, mas não preta." (SS Romapada Svami)
Ainda assim, Krsna poderá aparecer na cor que Ele desejar independentemente de quaisquer condições externas e locais.
Apesar de tudo, sou muito afortunado por Krshna ter tido muita misericórdia de mim e me agraciar com a presença do meu Gúro em minha vida.
Suplico-lhe que tenha compaixão deste pobre miserável e arrogante e aceite as minhas mais profundas reverências!
Querido Prabhu, peço-lhe também que tenha compaixão deste insignificante Prahladesh Dasa e que também aceite minhas humildes e respeitosas reverências.
Cantemos todos o Maha Mantra Hare Krsna, o qual tem o poder de esclarecer tudo.
Cumprimentos à família.
Seu servo e amigo
Todas as Glórias a Sri Sri Gúro e Gouranga!!!
Namaskar.
Resposta de Francisco Luiz:
Querido Prabhu
Por favor eu peço que o senhor me desculpe por minha intransigência.
Porém, tudo o que o senhor me escreveu, com as suas devidas referências de discursos e escritos, não têm nenhum valor para a minha compreensão das coisas COMO EU CREI QUE ELAS REALMENTE SÃO.
Creio, sinceramente, que a posição dos, assim chamados e aceitos, grandes acaryas do Vaishnavismo, até mesmo aquela que é ATRIBUÍDA ao Magnânimo Senhor Gouranga (e destaco essa palavra "atribuída" pois a História guarda muitas "surpresas" e mistérios - e é muita pretensão dos homens acreditarem que tudo o que está contado ou escrito sobre as grandes personalidades, ou eventos históricos, seja verdade pura e concreta e não um fato MITOLÓGICO) pode conter EQUÍVOCOS.
Uma coisa é o que NÓS cremos que seja verdade. Outra coisa é o que, de fato, pode ser a verdade. Jamais saberemos!!!
Como mensionei antes, toda a lógica vaishnava está baseada em UMA MANEIRA DE ENTENDER AS COISAS. E eu já estou mais do que ciente de que existem milhares de argumentos pré-elaborados para rebater qualquer idéia contrária. Isso, toda cultura religiosa cuidou de providenciar.
Mas o senhor, nem ninguém, pode comprovar NADA do que está escrito ou que crê. Por mais que tente ou que acredite que a lógica vaishnava seja superior a qualquer outra! Não o é!!! É cheia de falhas! Apenas a sua postura de crente não permite que o senhor aceite este fato! Dela eu me libertei!
Na verdade, trata-se tão somente, de UM DETERMINADO PONTO DE VISTA. E dizer que é o ponto de vista do absoluto porque está escrito no Gita ou nas Upanishads, etc., não significa nem determina NADA! Pois, o mesmo Gita ou qualquer outra escritura PODE SER COMPREENDIDA DE MAIS DE UMA FORMA, como sabemos bem!
O senhor confirmou o meu pensamento em relação ao critério de escolha de um gúro ou sadhu autêntico. Todo o texto que o senhor me enviou está de concordando com o meu raciocínio. Pelo menos assim eu pude entender! No fim das contas é uma escolha interna, íntima e pessoal, a qual não teremos jamais a confirmação se estamos escolhendo corretamente ou não. Pois não sabemos o quanto temos autoridade para tanto.
Dependemos apenas da graça de Deus. Ñão sabemos nem podemos garantir se o nosso gúro vai "cair" no futuro! Quem somos nós para podermos garantir isso??? E de fato, como eu citei na outra mensagem, alguns gúros caem e seus discípulos perdem a fé ou se decepcionam irremediavelmente, como pude observar diretamente no meu convívio com os devotos de krshna.
Cada cultura religiosa tem a sua lógica. Toda a argumentação contra o budismo não tem nenhum valor real pois trata-se DA VISÃO DOS VAISHNAVAS SOBRE O BUDISMO. E tal visão só é "verdade" para os próprios vaishnavas! E os vaishnavas não podem cometer a arrogância de achar que APENAS O SEU PONTO DE VISTA SEJA A "VERDADE"!
ISSO É MUITO DIFÍCIL DE SE COMPREENDER! !! E TEMO QUE O SENHOR NÃO SEJA CAPAZ DE ROMPER ESTA NORMA!
Na minha percepção essa conduta de basear todo o conhecimento e escolhas em uma coisa ESCRITA ou FALADA como acontece com os Vedas, é por demais temerosa e não traz nenhuma garantia de exatidão de nada. Você (ou os mestre que VOCÊ QUER seguir) INTERPRETA DE UM JEITO. Mas eu (ou os mestre que EU ESCOLHI) INTERPRETAM DE OUTRO JEITO A MESMA COISA ESCRITA OU DITA. TUDO É EXTREMAMENTE VAGO E INCERTO.
Apenas você QUER seguir esta ou aquela compreensão das coisas. Nenhum modo de provar nada. Nenhuma condição de garantir nada.
Por isso, pra mim, todo o grande edifício da lógica do Vaishnavismo ou de qualquer outra doutrina possui seus alicerces sobre um pântano. Quando alguma evidência se apresenta de que não era do jeito que as pessoas pensavam, durante milênios, as pessoas perdem a sua fé. Isso tem acontecido com todas as religiões.
Então, querido prabhu, vamos ficar por aqui conscientes de que NÃO PODEMOS CONCORDAR UM COM O OUTRO.
Contudo, isso não nos faz diferentes constitucionalmente . Somos irmãos pequeninos e estamos todos no "mesmo barco"!
VAMOS TODOS SOMENTE CANTAR HARE KRSHNA!!!
Pedindo que aceite as minhas mais profundas reverências irradio uma clara luz cintilante de paz, alegria e saúde para o senhor, sua família e todos aqueles a quem o senhor quer bem!
Fique em paz!
Todas as Glórias a Srila Prabhupada!! !!
Perante todos os Devotos do Senhor, que são como Kalpatarus, eu me prostro em Dandavat, com uma palha entre os dentes e mais sujo e vil do que a poeira das ruas.
Na resposta ao meu texto, entre outras coisas, o Prabhu Praladesh disse o seguinte: "O grande problema dos Budistas é que querem entender Deus com seus cérebros minúsculos, e somente aceitam a lógica e argumento e não aceitam os Vedas, o Bhagavad Gita e o próprio Krsna."
Querido prabhu Praladesh,
Peço que aceite as minhas mais respeitosas reverências.
O senhor é um devoto muitíssimo absorto e eu não sou digno de sequer dirigir-lhe as minhas palavras.
Mas apenas por sua misericórdia e grande compaixão, o senhor suporta, com muita paciência, perder tempo com um desprezível arrogante como eu.
O seu sentimento devocional é admirável e também a sua fé.
Com muito receio de ofendê-lo, mas aceitando este fato como inevitável, eu sinto a necessidade de ousar revelar a minha opinião de que o seu discurso é típico dos devotos que não conhecem filosofia e não sabem raciocinar filosoficamente.
Me perdoe, eu não sei a sua idade, mas sinto que é um jovem e empolgado neófito. É apenas um palpite e tenho consciência que posso estar redondamente enganado. Quanto a mim, tenho já 48 primaveras de desilusões filosóficas, muito educativas.
Mas, um devoto assim, em compensação defende, cegamente e com muito fervor, o conhecimento que receberam de seus Gúros. Isso não é ruim! Pelo contrário é muito louvável, pois demonstra uma grande fidelidade e disposição a defender a qualquer custo aquilo que, para ti, é a coisa mais preciosa e sagrada da vida, a saber, tudo o que seu mestre falou.
Porém, lamentavelmente, no sentido filosófico, o senhor faz algumas construções absurdas, de enunciados. A questão da oralidade é, pois, muito fundamental para os seres humanos conseguirem se comunicar adequadamente. E nesse âmbito existem algumas regras de coerência de pensamento que não devemos ignorar, pois do contrário o nosso discurso será muitíssimo ingênuo, absurdo, vazio e sem utilidade para comunicar o que quer que seja.
O senhor está na Terra e no mundo. Ainda não chegou em Vaikunta, querido prabhu. Por aqui, para nos compreendermos mutuamente, é necessário alguma lógica.
Por exemplo, quando o senhor disse que: "Ele pode não existir e continuar a ser eterno.", o senhor cometeu um equívoco de coerência de pensamento e de lógica. Pois, quando digo que algo "não existe" estou querendo dar o significado de que não tem existência. E, se não tem existência, não pode "continuar a ser eterno". Se, continua a ser eterno está existindo. Ora, o que não existe, não existe! (risos). Desculpe prabhu! O senhor deve sempre, de sua posição muito superior a minha, me perdoar. Sou um arrogante.
Percebi também em sua fala uma sutil aversão em relação aos budistas. Ora, prabhu, com certeza os budistas estão equivocados em diversos pontos. Mas, creia, os devotos de krshna também estão. Somos todos seres humanos completamente falíveis.
Por favor, me responda qual é o critério que o senhor pode usar para julgar que uma pessoa está em um nível de Bhakti que não poderá mais cair de sua posição???
Eu já venerei, como o próprio Krshna, svamis vaishnavas, renunciados completos, respeitadíssimos, pertencentes ao GBC da Iskcon, que faziam os outros swamis saniasyns competirem para tocar os seus pés, e cujos sintomas de devoção e absorção em Bhakti preenchia e contagiava a atmosfera de qualquer ambiente em que entravam.
Eu conheci, pessoalmente, três svamis assim. Venerados por todos os devotos e gúros como verdadeiros sadhus vivendo no êxtase de Vrindávana aonde estivessem.
Sabe, querido prabhu, estes três sanniasyns caíram de suas posições, por simples questões de sexualidade mal resolvida ou outras banalidades profissionais, familiares, etc. Isto, ninguém me contou! Eu os conheci pessoalmente!
Então, meu querido irmão prabhu Praladesh, quem, entre nós, pode garantir que aquele que nós veneramos como nossos gúros, que veneramos como o próprio Krshna, não é passível de cometer erros que nem nós mesmos em nossa pequenez, com medo das regras da sociedade, nos abstemos de cometer.
Quero dizer que conheço prabhus devotos de krshna que não possuem nem os menores atributos para se considerarem vaishnavas. Apenas porque conseguem, comodamente, permanecer vegetarianos, ou ficam, artificialmente, se privando de sexo, se acham seres divinos.
Ao mesmo tempo, conheço Budistas que têm sintomas de Bhakti elevada. Que dentro da sua doutrina aparentemente ateísta, possuem uma bela e sublime idéia de Deus, ao seu modo.
Por favor, meu querido prabhu. Não julgue as pessoas.
E sobre filosofia, saiba que a sua constituição de pensamento, a maneira como o senhor consegue imaginar as coisas, ainda não pode ser empregada em uma discussão filosófica.
Gostaria, ainda, de lembrá-lo de que o meu "sidhanta" também é teísta. A finalidade do meu texto não é "negar" Deus. O prabhu Nanda-Gopa o compreendeu perfeitamente e me presenteou com uma derrota muito honrosa. Foi muito bom ser derrotado por ele.
Sabe, prabhu, também sou iniciado. O meu mestre não pertence ao Vaishnavismo, mas é muito querido pelos devotos de krshna em geral. É um senhor muitíssimo piedoso, nascido e criado na Índia. Educado para ser monge desde a infância. E ainda vive como monge mendicante itinerante. Pertencente a uma autêntica e tradicional família de Brahmanes. A irmã dele é, também, muito absorta em Yoga e em Bhakti e pelos sintomas que sente não se alimenta há mais de 10 anos e é muito conhecida, atualmente, na Índia, por isso.
Então, querido prabhu, eu peço perdão por minha ousadia irreverente e minha arrogância. Isso se deve à minha posição muito miserável. Eu dependo totalmente da misericórdia do meu mestre.
Não se apegue muito aos ensinamentos que são por demais dependentes de uma CONCLUSÃO do que está escrito. Pois, TUDO o que pode ser ESCRITO possui, OBRIGATORIAMENTE, pelo menos, DOIS SIGNIFICADOS, quais sejam, UM DENOTATIVO (ou literal) E OUTRO CONOTATIVO (ou indireto).
Por exemplo o meu Mestre provou para uma platéia de devotos de Krshna que, por exemplo, as dez cabeças de Ravana são apenas um simbolismo para as suas dez qualidades demoníacas. Pois, se fosse assim, como a mãe de Ravana poderia ter dado a luz a ele? E, também, que Krshna nunca teve pele azul. Quando isso é descrito nas escrituras deve ser compreendido como uma CONOTAÇÃO de atributos de Krshna que são simbolicamente e poeticamente descritos daquela maneira.
Um devoto, precipitado, tentou argumentar que Krshna era muito preto. E, que quando a pessoa é muito negra ela "reflete" a tonalidade azulada do céu. Isso provocou uma explosão de risos na platéia e o devoto caiu em ridículo. Meu mestre, Svami Brahmananda, muito compassivamente e cheio de constrangimento, explicou que Krshna nasceu no norte da Índia e que lá todos têm pele muito clara. E ele sabe disso muito bem porque é nascido e criado lá.
Então, querido prabhu, é por esses pontos de diferentes tipos de raciocínio, que eu, uma pobre jiva, nunca pude me entregar totalmente ao sistema Vaishnava. Por que tenho um modo diferente de compreender as assertivas das escrituras védicas. Mas, só podemos compreender as coisas com a nossa própria inteligência e capacidade, não é?
Apesar de tudo, sou muito afortunado por Krshna ter tido muita misericórdia de mim e me agraciar com a presença do meu Gúro em minha vida.
Suplico-lhe que tenha compaixão deste pobre miserável e arrogante e aceite as minhas mais profundas reverências!
Todas as Glórias a Sri Sri Gúro e Gouranga!!!
Namaskar.
Olá, Fernando Luiz!
Você refere ser um "maltrapilho" , um "louco",... e por aí fora, por aí fora...
Não me parece que esse "louco e maltrapilho" , se assim fosse mesmo, conseguisse dissertar, de forma tão eloquente, como você fez, acerca da existência de Deus e do tempo e do espaço e por aí fora por aí fora...
...ousou até falar da forma transcendental de Deus!
...E antes referiu nutrir a máxima simpatia pelos devotos de Krsna e por sua filosofia mas que é seu "dever informar que existem diferentes pensamentos e crenças completamente inaceitáveis para mim" (sic).
No que toca a esse assunto - das "crenças inaceitáveis" , não sei se estaria mais correcto e até humilde referir - das crenças que eu não consigo conceber!
Mas voltemos ao "louco e maltrapilho" - "Você não é nada disso! Isto porque voçê nem isso consegue ser!" - Foi assim que outrora, segundo consta, Prabhupada respondeu a um "não louco e maltrapilho" como voçê, quando ele tentava atrair a atenção e graça de Prabhupada com um artifício de falsa modéstia.
(Aqui poderia simplesmente dizer que você é um "não louco e maltrapilho" e nem sequer citar Prabhupada, mas por uma questão de validade e reconhecimento, citei o autor desta simples negação que, atribuida a Prabhupada, tem um efeito e credibilidade que sózinho eu não alcançava!)
Assim, também seria digno de si, reportar a Santo Agostinho - esse mesmo, o Santo católico, quando expôs uma tal filosofia à volta da concepção do tempo e de Deus!!! Certamente a sua mensagem teria outra aceitação, sabendo de ante-mão, aqueles que lessem a mensagem, que esta era fundamentada nos originais pensamentos de um verdadeiro "louco e maltrapilho de Deus" como foi o desapegado Santo Agostinho!
Aos devotos reunidos ficam as minhas reverências bem como a sugestão do famoso livro "CONFISSÕES" do Santo e filósofo Agostinho, no qual, ele faz uma concepção do tempo, como ninguém até à data. Tanto assim que tem sido objecto de investigação dos maiores filósofos e pensadores.
Vosso servo,
Hélder Orlando
O grande problema dos Budistas é que querem entender Deus com seus cérebros minúsculos, e somente aceitam lógica e argumento e não aceitam os Vedas, o Bhagavad Gita e o próprio Krsna.
"O paradoxo é que se Ele puder não existir Ele não é eterno. E se não puder não é onipotente."
Se Ele puder não existir Ele não é eterno - Ele pode não existir e continuar a ser eterno. Ele não existe para aqueles que negam Sua existência, e continua a ser eterno.
E se não puder não é onipotente - Pela afirmação acima fica claro que Ele pode não existir e ao mesmo tempo ser eterno e portanto onipotente.
Além disso, o próprio Krsna afirma:
na tv evaham jatu nasam
na tvam neme janadhipah
na caiva na bhavisyamah
sarve vayam atah param
"Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem tu, nem todos estes reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir."
Os Budistas pertencem a uma classe de ateístas conhecidos como APATEÍSTAS.
Para os Apateístas ou agnósticos pragmáticos não há nenhum interesse na existência de Deus bem como na Sua inexistência. Eles são apáticos.
E, portanto, o destino dos Budistas é o Pradhana (Natureza vazia (Sunya)).
Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari
Queridos prabhus
Antes de tudo peço que aceitem as minhas respeitosas reverências e quero oferecer vibrações de toda a minha mente e todo o meu coração aos pés de lótus de Srila Prabhupada.
O texto que escrevi abaixo não deve ser interpretado como um desafio malicioso.
Digo isto por que após relê-lo essa impressão me assaltou.
Mas trata-se apenas de um exercício de pensamento que, para mim, tem o propósito de exaurir ao máximo os conteúdos especulativos da minha própria mente.
Creio poder trazer experiência para com a formulação de idéias, que é útil, para o treinamento das pessoas que se dedicam à pregação e ao contato direto com todo e qualquer tipo de pessoas.
Penso que, seja o que for que a nossa mente esteja pensando sobre Deus, se ela está ocupada com Deus
então está sendo, de algum modo, purificada ou abençoada.
Sinto-me na obrigação de confessar, também, que não sou um devoto de krshna em sentido mais ortodoxo da expressão.
Apesar de possuir a máxima simpatia pelos devotos de Krshna e por sua filosofia é meu dever informar que existem diferentes pensamentos e crenças
completamente inaceitáveis para mim.
Apesar disso, com toda a devoção que me é possível, eu compartilho de várias outras idéias dentro do sistema de Sri Sri Gouranga.
Como um maltrapilho, um mendigo, um louco, sujo, que não tem nenhum tipo de qualificação e nenhuma capacidade ou boa vontade para a vida espiritual,
e que não é digno nem sequer de dirigir o olhar para a face do mais novato e inexperiente devoto de krshna, neste estado de mente este pobre e estúpido servo suplica com o rosto colado na poeira do chão,
a misericórdia de Sri Sri Radhika. Por que através dela até um ser imundo como eu pode receber, inexplicavelmente, a Graça de Krshna.
Tava Dravyam Jagat Guro
Tubhya Meva Samarpayet
Jay Radhe!!!!
Fernando Luiz
SOBRE A "INEXISTÊNCIA DE DEUS"
Qualquer pessoa que se assuma como religiosa, comumente, responderia "sim" a pergunta: "deus existe?"
A palavra "Deus" carrega uma variedade de significados como, absoluto, onisciência, onipotência, onipenetrância, verdade, felicidade e, especialmente, eternidade.
Ao pensar no sentido da palavra "eternidade" ou "eterno", uma idéia intrigante surge na forma da seguinte pergunta: "Deus possui poder para deixar de existir?".
Se puder deixar de existir, isso significa que não é eterno. Por outro lado, se não puder, isso significa que não é onipotente.
A palavra "eternidade" está estreitamente correlacionada à idéia de tempo. Porém, o significado de "absoluto" indica uma superioridade sobre tudo mais. Logo, Deus é superior ao próprio tempo.
Ora, nós, em nosso estado atual de existência, nem sequer conseguimos formular qualquer pensamento sem o conceito de tempo, que, por sua vez, está intimamente ligado à idéia de ação, indicada pelos verbos, na classificação gramatical.
Quando perguntamos, por exemplo, "onde estava Deus, ou, o quê fazia Ele antes de criar tudo?", essa pergunta, exatamente no ponto onde aparece a palavra "antes" aparece, pressupõe um "tempo" ao qual Deus estivesse submetido. E isso é um absurdo porque é o tempo que está submetido a Deus.
Logo, não houve um "tempo" em que Deus tivesse criado alguma coisa. Tudo o que é, "é" e "está" com Ele. Além do tempo ou da idéia que a palavra "tempo" indica. Logo, não há "tempo", ou seja, não há "passado, presente e futuro" em relação a Deus.
É interessante, também, recordar que o conceito de "tempo" está sempre vinculado ao de "espaço" através do conceito de "movimento" ou "ação".
Quando há a idéia de "tempo" há, também, a idéia da duração de um movimento, que inicia em um determinado "ponto" e termina em outro. Esses dois pontos no "espaço" trazem, por sua vez, a idéia de "forma". Pois, um ponto inicial se relaciona com outro ponto, final, na "forma" de uma "linha". Ou, dito de outro modo, um ponto se movimenta, em determinada direção, criando assim uma "linha" que, por sua vez, se move criando um "plano". E os planos se modelam criando "formas" no espaço. E o "movimento" implica "tempo". Início, meio e fim.
Logo, as "formas" estão submetidas ao "espaço"! Logo, o "espaço" está submetido ao "tempo"! Logo, se Deus possuir uma "forma" isso significa que Ele estará submetido ao "tempo"! Mas, já vimos que é o tempo que está submetido a Deus. Logo, Deus não pode estar submetido nem ao tempo nem às formas.
Para resolver este impasse, as escolas de pensamento que defendem que há "forma" ou "formas" para Deus empregam a expressão "forma transcendental" ou "forma transcendente" . Porém, em última análise, não é possível, em nossa condição atual de existência, imaginar ou conceber o evento da "forma" desvinculando- o das condições e características descritas acima.
Logo, o termo "forma transcendental" não aponta para algo que seja, na prática, imaginável. O máximo que conseguimos fazer, com o nosso instrumento atual, ou seja, a nossa mente, é imaginar a "forma" do jeito condicionado ao espaço e ao tempo.
Voltando à pergunta inicial, vamos refletir sobre a possibilidade de Deus, voluntariamente, possuir a liberdade ou poder para deixar de existir.
O paradoxo é que se Ele puder não existir Ele não é eterno. E se não puder não é onipotente. Uma vez que o significado da palavra "absoluto" inclui tanto "ser eterno" quanto "todo poderoso" ou "onipotente", uma solução seria concluir que, realmente, Deus está além ou transcende os conceitos de "existência" e "não-existência" .
Logo, é tão incorreto ou equivocado afirmar que Deus existe, quanto pensar que não existe.
Na prática, quando tentamos imaginar ou sintonizar o nosso pensamento na situação, que não é nem existência nem não-existência experimentamos uma atitude mental que, no budismo, é chamada de "Vacuidade" ou "Sunnyata". Esta é a única maneira possível para nós, daqui do estado em que nos encontramos neste momento da nossa existência, de experimentarmos aquilo que se chama de "transcendência de Deus".
Por mais que nos sintamos felizes e realizados ao imaginar Deus em figuras com braços e pernas e um rosto, com paisagens maravilhosas, vivendo em um "espaço" e "tempo" transcendentais, isso não condiz com a Realidade de Deus, de acordo com outros conceitos que estão, também, ligados ao conceito de Deus! Tudo isso são, em última instância, formas produzidas pelo nosso próprio pensamento, pela nossa própria mente.
Um outro ponto interessante sobre a argumentação da "Forma" de Deus é que em cada imagem, seja esta escultura, pintura ou desenho, em que Deus é representado ele aparece com uma "fisionomia" diferente. Será que ninguém nunca parou para pensar nisso? Fala-se em "forma" para Deus. Mas qual seria a "forma" da face de Deus? As escrituras definem isto?
Somente por descrever as características de cada elemento de uma face não conseguimos definir uma fisionomia. Tão inteligente é o sistema que cria a variedade de rostos dos seres humanos. Logo, o rosto de Deus é totalmente desconhecido. As imagens que adoramos são réplicas do pensamento dos artistas que as criam.