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Revisando a Verdade Imutável: Uma Descrição Geral da História Editorial dos Livros de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada
Editing the Unchangeable Truth: An Overview of the Editorial History of the Books of His Divine Grace A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
por Jayadvaita Svami
"Não adicionem nada. Não retirem nada. Não mudem nada". Essa foi a instrução que o fundador-acarya da ISKCON, Srila Prabhupada, muitas vezes deu a seus discípulos. No entanto, ele ocupou alguns de seus discípulos na edição* de suas palavras para só então as publicar – o que é (por definição) adicionar, retirar e mudar. Aqui, apresento um breve histórico do trabalho editorial.
Nota do Tradutor: As palavras editor, edição e editar em inglês abrangem também o que definiríamos como "revisão", e não apenas "formatação", usarei, no entanto, o cognato ao longo de toda a tradução. [fim da nota]
Antes de Srila Prabhupada vir para o ocidente, seus escrever, publicar e distribuir era um "show de um homem só". Ele pessoalmente fazia tudo isso. A única edição feita em seus escritos era aquela feita por ele mesmo.
Ele colocou a substância como mais importante do que a língua. Como se afirma no Srimad-Bhagavatam (1.5.11): "A literatura que é repleta de descrições das glórias do ilimitado Senhor Supremo é uma criação diferentes, repleta de palavras transcendentais visando provocar uma revolução nas vidas impiedosas da civilização desorientada deste mundo". Mesmo se imperfeitamente composta, o Bhagavatam diz, tal literatura é "lida, cantada e aceita por homens purificados que são completamente honestos".
Srila Prabhupada era ciente das deficiências de seu inglês. Como ele mesmo escreveu em seu comentário não-editado a este verso:
"Sabemos que em nosso empreendimento honesto para a* apresentação desta grande literatura para a* transmissão da mensagem transcendental para* reviver a consciência de Deus das pessoas em geral, como uma questão de re-espiritualizaçã o* da atmosfera do mundo, –* é repleta* de muitas dificuldades. Apesar de termos tido para os fatos de que nossa capacidade de apresentação do assunto em língua adequada*, especialmente uma língua estrangeira, certamente será mal sucedida e talvez haja muitas discrepâncias literárias apesar de nosso empenho honesto de apresentá-la de maneira apropriada".
NT: Por acreditar que o autor ao dizer "comentário não editado" gostaria de introduzir desvios do inglês de Prabhupada da norma padrão ou culta, explico brevemente os que aqui aparecem para não haver grande perda na tradução. Os três primeiros asteriscos apontam o que no inglês era "for", uma conexão viciosa como o que se chama de "queísmo" no português. Na versão inglesa editada, apenas um "for" é utilizado. O quarto asterisco marca uma palavra inexistente na norma padrão, que em inglês foi mudada de "re-spiritualisation" para "respiritualizing" , algo como mudar do português "re-espiritualizaçã o" para "reespiritualizaçã o", como grafa o dicionário Houaiss. A pontuação de vírgula antes do travessão, ou vírgula grega, também não existe e foi removida na edição/revisão final. O que traduzi por "repleta" era em inglês "fraught", que Prabhupada grafou como "fret", um erro de ortografia mais ou menos freqüente entre não-nativos, como palavras "tought" e "through". O sétimo asterisco marca uma construção estranha, "Regard being had to the facts that our capacity of presenting the matter in adequate language", o que na versão editada começou como "Our presenting this matter in adequate language". [fim da nota]
No entanto, ele tinha esperança:
"Mas estamos certos de que com todas as nossas falhas em relação a isto, a seriedade do assunto será considerada, e os líderes da sociedade ainda assim aceitarão essa apresentação devido ao esforço sincero em glorificar o Grande Todo-Poderoso* , agora tão necessário*".
NT.: O "Grande Todo-Poderoso" na edição editada foi substituído por o "Deus Todo-Poderosos" [Almighty Great para Almighty God] e o "agora tão necessário" não aparece. Uma vírgula também foi removida e um uso inapropriado de artigo definido antes de "society". A escrita de Prabhupda "leader of the society" seria algo como no português "os líderes de sociedade". Assim como no português fica melhor com o artigo definido, o inglês, segundo o editor nativo, soa melhor ou correto sem o artigo definido. Com essa nota e a anterior acredito ter podido passar o que o autor do texto quis fazer ao usar os textos originais de Prabhupada. A partir de agora tentarei apenas traduzir o mais literal possível para que o leitor brasileiro possa comparar com sua tradução literal brasileira do revisado – o efeito possível e provavelmente esperado pelo autor para os interlocutores originais, os leitores de língua inglesa.
Ele oferece um exemplo:
"Quando há fogo na (sic) casa, os moradores da casa saem para buscar ajuda dos vizinhos, que talvez sejam estrangeiros, e, mesmo sem saberem a língua, as vítimas do incêndio se expressam, e os vizinhos entendem a necessidade, mesmo que não expressada na mesma língua".
E então:
"O mesmo espírito de co-operação (sic) é necessário no sentido de ampla difusão desta mensagem transcendental do Srimad Bhagwatam por toda a atmosfera completamente poluída da situação mundial do dia presente. Afinal, trata-se de uma ciência técnica de valores espirituais, e, como tal, estamos preocupados com as técnicas, e não com a língua. Se as técnicas dessa grande literatura forem compreendidas pelas pessoas do mundo, aí está o sucesso".
Todavia, uma vez que Prabhupada veio para o ocidente, ele queria seus escritos editados: "Quero que todas as cópias, antes de finalmente irem para a impressão, sejam cuidadosamente revisadas e editadas para que talvez não haja nenhum erro, especialmente de ortografia e gramática ou dos nomes sânscritos". (1)
(1) Carta de Srila Prabhupada a Satsvarupa Dasa, 25 de janeiro de 1970.
Como eram escritos os livros?
Antes de discutirmos a edição, vamos primeiramente dar uma olhada em como os livros eram escritos.
Alguns livros Srila Prabhupada redigiu à mão ou datilografou ele mesmo. Esses incluem Fácil Viagem a Outros Planetas, Sri Isopanisad, os primeiro e segundo cantos do Srimad-Bhagavatam, os cinco ou seis primeiros capítulos do Bhagavad-Gita Como Ele É, e os capítulos de um a cinco ou seis do Sri Caitanya-Caritamrta , Adi-lila.
A maior parte de seus livros, entretanto, ele ditou em um gravador da Grundig, usando fitas que comportavam, cada uma, cerca de uma ora de áudio. Isso o permitir obter grande velocidade. Contudo, o método tinha suas desvantagens: ele tinha menos oportunidade para rever e revisar suas palavras, ele às vezes falava duas vezes a mesma passagem, e – mais do que tudo – ele ficava dependente da precisão de seus transcritores. Especialmente nos primeiros anos, a precisão era precária. Os transcritores ainda não estavam profundamente familiarizados com sua filosofia, tinham dificuldade com o forte sotaque Bengali, e a maior parte de suas palavras e citações sânscritas eram estranhas a seus ouvidos (2). Além disso, por Srila Prabhupada frequentemente parar e retornar a fita para ouvir novamente o que havia ditado, muitas palavras eram parcialmente partidas ou completamente excluídas.
(2) Em anos recentes, seguidores de Srila Prabhupada produziram gravações de video de suas aulas com legendas para facilitarem o acompanhamento de suas palavras. No entanto, a própria legenda traz muitos exemplos de audição incorreta – uma ilustração de que o problema ainda segue.
Isso resultou em numerosas lacunas e erros. Algumas vezes os trascritores simplesmente deixavam algo de fora – citações sânscritas inteiras, por exemplo – ou davam apenas aproximações fonéticas. Algumas vezes eles apenas podiam intuir o que Srila Prabhupada estava dizendo, e frequentemente intuíam errado.
Este fato é muito visível no Bhagavad-Gita Como Ele É, e, em menor escala, no "Krsna Book" (3). Em livros posteriores, a qualidade foi aprimorada. Srila Prabhupada, ao invés de enviar as fitas para transcrição pelo correio, tinha um transcritor viajando pessoalmente com ele. Os transcritores se tornaram bem versados na sua filosofia, acostumaram- se com seu sotaque e se familiarizaram com suas citações favoritas. E alguns transcritores aprenderam os alfabetos sânscrito e bengali a fim de poderem recorrer aos textos originais que Srila Prabhupada estava usando. Assim, erros de transcrição, embora continuassem ocorrendo, tornaram-se consideravelmente menos freqüentes e menos graves. Alguns dos livros de Srila Prabhupada eram compilados a partir de aulas ou conversas suas gravadas. Alguns exemplos são Ensinamentos da Rainha Kunti, Ensinamentos do Senhor Kapili e outros livros pequenos como A Caminho de Krsna e Perfeição da Yoga. O Néctar da Instrução foi uma exceção; Srila Prabhupada o ditou a discípulos que o escreveram à mão. (4)
(3) Assim se referia Srila Prabhupada a seu livro Krsna, A Suprema Personalidade de Deus.
(4) Quanto à história de O Néctar da Instrução, sou grato a Satsvarupa Dasa Gosvami, quem pessoalmente fez a maior parte desse trabalho.
Srila Prabhupada viu os manuscritos editados ou uma cópia heliográfica pré-impressão de alguns livros. Mas quanto à maioria dos livros ele não viu nada disso.
Quem eram os editores?
Os editores de Srila Prabhupada eram vários. Seu primeiro editor constante foi Rayarama Dasa, um discípulo do começo que trabalhava profissionalmente como um escritor freelancer de histórias em quadrinhos. No período em que entrei para a sociedade de Srila Prabhupada, em 1968, Rayarama estava entre o que Srila Prabhupada chamava de "os principais pilares da sociedade" (5).
(5) Carta de Srila Prabhupada a Rayarama Dasa, 3 de março de 1968.
Em seguida, veio Hayagriva Dasa, com quem Srila Prabhupada se encontrou em 1966 enquanto descia uma rua do Lower East Side de Nova Iorque. Hayagriva (então conhecido como Howard Wheeler) tinha mestrado em Letras, e, como ele conta, Srila Prabhupada (então frequentemente tratado apenas como "o Svami") apresentou a ele um trabalho para ele fazer:
[começo da citação]
Notando que ele estava datilografando, eu me ofereci para datilografar para ele, e ele me entregou o manuscrito do Primeiro Capítulo do Segundo Canto do Srimad-Bhagavatam de Vyasadeva.
"Você pode datilografar isso?".
"Sim, sim", eu disse.
Ele ficou muito contente. Nós puxamos uma pequena mesa com a máquina de escrever do canto da sala, e eu comecei o trabalho. Seus manuscritos eram com espaçamento simples e escritos sem margem em um papel indiano amarelo e frágil. Parecia que o Svami havia tentado espremer o máximo de palavras possível dentro das páginas. Eu tinha de usar uma régua para evitar que eu me perdesse.
As primeiras palavras que li "Ó o rei", eu naturalmente supus que "Ó" era o nome do rei, e "o rei" funcionava como um aposto. Após concluir que sua intenção, na verdade, era "Ó rei", eu consultei o Svami.
"Sim", ele disse. "Mude, então".
Enquanto eu redatilografava outro parágrafo, notei certas discrepâncias gramaticais, talvez típicas de bengalis que aprenderam inglês de diretores ingleses no começo do século XX. Consideráveis edições eram necessárias para deixar o texto conforme o atual uso americano. Após apontar-lhe algumas mudanças, eu disse ao Svami que, se ele assim desejasse, eu poderia fazer todas as correções apropriadas.
"Muito bom", ele disse sorrindo. "Faça isso. Deixe-o bem apresentável".
Assim começa o meu serviço editorial.
Eu digitava todas as manhãs na sala onde ele lia, traduzia, recebia visitantes e "descansava". Havia uma maleta de metal usada como mesa e um capacho onde ele se sentava e às vezes dormia. Além de minha mesa com a máquina de escrever, não havia nenhuma outra mobília. Enquanto eu datilografava, eu o ouvia cozinhar na cozinha, e podia sentir o cheiro da manteiga sendo aquecida para se fazer ghi. Terminado o capítulo, havia vinte e duas páginas com espaçamento duplo e margens amplas. O original ocupava apenas oito.
"Se tiver mais trabalho, o senhor pode me dizer", eu lhe disse. "Eu posso levar de volta para a rua Mott e datilografar lá".
"Mais? Sim", ele disse. "Tem muito mais".
Ele abriu a porta do closet e puxou dois grandes embrulhos presos com pedaços de pano açafrão. Dentro deles, ele me mostrou milhares de páginas de manuscritos sem margem e com espaçamento simples de livros desconhecidos no mundo ocidental. Eu fiquei parado diante deles, estupefato.
"Levará uma vida para datilografar isso", eu protestei.
"Ah, sim!", ele sorriu feliz. "Muitas vidas". (Hayagriva Dasa, p. 15-16)
[fim da citação]
Outro discípulo do começo, Satsvarupa Dasa (posteriormente Satsvarupa Dasa Gosvami), fez considerável trabalho de edição para as primeiras obras ditadas por Srila Prabhupada. Gaurasundara Dasa e outros também colocaram a mão na massa da edição. Em 1970 eu gradualmente começava, e, no final da década de 70, Dravida Dasa.
O primeiro editor de sânscrito de Srila Prabhupada foi Pradyumna Dasa, que continuou a servir como o principal editor de sânscrito por toda a vida de Srila Prabhupada. Entre os outros editores no que acabou por se tornar o departamento de sânscrito da BBT estavam Nitai Dasa, Jagannatha Dasa, Santosa Dasa, Jayasacinandana Dasa e Gopiparanadhana Dasa.
Que tipo de edição foi feita?
A princípio, a edição que Srila Prabhupada pediu foi a mínima: "Temos apenas que certificar que nosso livro não tenha nenhum erro gramatical ou ortográfico. Não nos importamos com nenhum estilo bom, nosso estilo é Hare Krsna, mas, ainda assim, não devemos apresentar algo desmazelado". (6)
(6) Carta de Srila Prabhupada a Satsvarupa Dasa, 9 de janeiro de 1970.
Na prática, para não parecermos desmazelados, mais do que gramática e ortografia estava envolvido. Além de ortografia, gramática e pontuação, os editores aplicaram padrões de constância ("Deidade" ou "deidade? "alma-espiritual" ou "alma espiritual"?) . Eles tentaram garantir que os pronomes usados não teriam antecedentes ambíguos. Eles redividiram longos parágrafos em outros menores. Eles transformaram construções passivas ("e o resto está sendo aguardado por Ele") em ativas ("e Ele está aguardando o resto") (7). Eles transformaram construções oblíquas em diretas.
(7) Srimad-Bhagavatam 1.13.50.
Eles transformaram usos indianos e ingleses em americanos. "We have got" frequentemente se tornava "we have"*. Rúpias se tornavam dólares, "lakhs e crores" se tornavam "milhares e milhões", e figuras como "1,00,000" (um lakh) se tornavam "100,000".
NT.: Respectivamente "nós temos" no inglês britânico e no inglês americano. Algo como transformar do português de Portugal "Prabhupada está a cantar" para o português do Brasil "Prabhupada está cantando".
Em alguns casos, exemplos secundários que poderiam parecer estranhos ou dissonantes a um leitor ocidental foram modificados ou excluídos.
Nos livros publicados, quando Srila Prabhupada cita um verso em sânscrito, uma tradução em inglês o segue. Na maioria das vezes, essa tradução foi inserida pelos editores. Também eram os editores que habitualmente forneciam as referências capítulo/verso (Srila Prabhupada o fazia apenas ocasionalmente) e que corrigiam referências erradas.
Quando Srila Prabhupada usava recursos retóricos obsoletos, como ponto de interrogação ou de exclamação entre parênteses para expressar ironia – "sannyasis modernos (?)" (8) – os editores os excluíam.
(8) Srimad-Bhagavatam 1.3.24, significado.
Os editores frequentemente mudavam a escolha de palavras de Srila Prabhupada. "Portanto abandone sua disparidade mental [disparity of mind]" se tornou "Portanto abandone sua ansiedade [anxiety]" (9). E as gopis, na versão editada do "Krsna Book", modestamente tentam cobrir sua nudez não "colocando a palma da mão esquerda sobre a vagina", mas "colocando a mão esquerda sobre a região pubiana" (10).
(9) Srimad-Bhagavatam 1.13.45.
(10) Krsna, A Suprema Personalidade de Deus, Capítulo 22.
Qualquer típico editor tenta lançar uma obra que seja apropriadamente lapidada e que ao mesmo tempo permaneça o mais próximo possível da linguagem do autor. No caso dos livros de Srila Prabhupada, isso pode ser especialmente desafiador. A natureza técnica do assunto, o status de iluminado do autor, a idéia de que Krsna pessoalmente falava através dele, e os encanto, graça, simplicidade e precisão tão frequentemente encontrados em sua voz pessoal – tudo isso estava em constante tensão com uma gramática e uma dicção que frequentemente precisavam de sérios reparos.
E então, trabalhando por prolongado tempo com os escritos de Srila Prabhupada em sua sociedade, um editor poderia acabar por aceitar as locuções não-padrão de Srila Prabhupada como o padrão. O uso de "benedict" como verbo, e "semina" ao invés de "sêmen" muitas vezes passavam despercebidos pelos olhos dos editores.
Os editores removiam trechos em prol da concisão. "Desde que ele partiu deste lugar fazem agora sete meses desde aquela data, mas ele ainda não retornou de lá" se tornou "Desde que ele partiu, sete meses se passaram, ele, contudo, ainda não retornou" (11). Orações algumas vezes eram detetadas por serem redundantes e algumas vezes ( novamente por redundância) parágrafos interiores. Antes de vir para a América, Srila Prabhupada havia traduzido duas vezes alguns ou todos os cinco ou seis primeiros capítulos do Sri Caitanya-Caritamrta, então, como editor, eu fundia os dois manuscritos, escolhendo textos ora de um, ora do outro. E para livros compilados a partir de aulas, rearranjos e remoções eram naturalmente mais necessários.
(11) Srimad-Bhagavatam 1.14.7.
Os editores checaram e revisaram todos os livros de Srila Prabhupada em prol de precisão mundana. Quando Srila Prabhupada apresentava cálculos matemáticos, os números correspondiam? Quando ele dava uma referência geográfica, ela estava de acordo com o mapa?
A favor de gramática, clareza, agradabilidade de leitura e bom fluir, os editores habitualmente mudavam a estrutura das frases de Srila Prabhupada – frequentemente reelaborando- as completamente – fundindo frases, ou fracionando frases, ou rearranjando orações, esforçando-se para um mistura adequada de orações simples e complexas.
Conectividade era outra preocupação. Toda frase seguia a anterior? Para isso, os editores frequentemente adicionavam conectivos: "e", "mas", "todavia", "portanto", "contudo". (Hayagriva era particularmente liberal com "indeed" [advérbio usado para enfatizar] e eu me tornei quase tão liberal quanto ele).
Os editores trabalhavam em prol de clareza, eufonia e significação rigorosa [force]. Srila Prabhupada escreveu a Hayagriva: "Aprecio que vocês não estejam omitindo nada, mas apenas fazendo correções gramaticais e reformulações em prol da significação rigorosa e da clareza, e aprecio que vocês estejam adicionado a transliteração de Pradyumna, isto é muito bom" (12). Na prática, como mencionado, tal edição era uma tarefa multifacetada.
(12) Carta de Srila Prabhupada a Hayagriva Dasa, 18 de novembro de 1968.
Grande parte dessa tarefa – aqui é onde entra Pradyumna – era a edição sânscrita. Pradyumna começou a aprender, por conta própria, a transliterar Devanagari em caracteres romanos. Srila Prabhupada ficou satisfeito, e Pradyumna, indo mais longe, tornou-se perito na língua sânscrita. Ele fala sobre seu papel:
"Edição sânscrita significa que eu colocava o diacrítico correto nas palavras em Sânscrito, e eu as escrevia corretamente, de acordo com o sistema internacional. Eu também adaptava a gramática de Prabhupada na tradução palavra por palavra. E se algo estivesse faltando, eu mandava várias dúvidas: 'Que tal isso, que tal assim, isto está certo?'. Eu tinha um monte de cartas de Prabhupada: 'Sim, você pode fazer isso. Você pode fazer isso. Sim, isto está certo'." (Siddhanta Dasa, p. 10) (13).
(13) Para outras recordações de Pradyumna sobre como ele começou, vide Siddhanta Dasa p. 4-5, 7 e 9-10.
Pradyumna falou de maneira modesta. Ele fez consideravelmente mais. Foi ele quem estabeleceu o padrão de transliteração sânscrita nos livros de Srila Prabhupada, quem sistematizou a divisão de palavras compostas do Sânscrito em suas partes constituintes, quem estabeleceu regras estilísticas (itálico? maiúsculas?), e quem tornou as referências de versos escriturais um recurso consistente. (14)
(14) Srila Prabhupada então escreveu a Pradyumna (em 21 de junho de 1970): "Seus esforços em relação a nossa edição de sânscrito estão efetivamente aprimorando mais e mais nossos livros com padrões acadêmicos.
Além disso, ele respondia a incontáveis questões dos editores ingleses, e endireitava os editores quando eles entendiam errado os significados intencionados. Lembro-me que em uma ocasião, quando uma passagem do último capítulo do "Krsna Book" não estava clara, Pradyumna e eu levamos uma dúvida a Srila Prabhupada, que respondeu com uma única palavra: yaduvaraparisat. Em outras palavras: "Esta é a palavra que estou traduzindo. Vocês se virem aí e deixem tudo certo".
Em 1972, Pradyumna se juntou ao séquito pessoal de Srila Prabhupada e viajava com ele para servi-lo como seu editor de Sânscrito pelo resto dos dias de Srila Prabhupada. Enquanto viajava com ele, Pradyumna costumava fazer considerável trabalho de edição de suas traduções.
Para dar um exemplo extremo de o quanto Pradyumna tinha de revisar, podemos considerar o verso 5.22.2 do Bhagavatam. Aqui está a transcrição do ditado original de Srila Prabhupada:
"SG respondeu: Meu querido rei, isto é exatamente como a grande roda que está se movendo e juntamente com ela ["him" ao invés do pronome para objetos "it"] as pequenas formigas que se refugiaram na grande roda também estão se movendo; ou seja, a roda está se movendo em direção ao lado setentrional, as pequenas formigas também movendo em direção a esse lado. Similarmente, com o movimento da grande órbita, as pequenas estrelas parecem estar se movendo juntamente com ela, então, quando passando por Dhruva loka e a montanha Sumeru, as estrelas, pequenas como formigas, também se movem assim. Então, com o movimento do sol e de outros planetas pequenos e estrelas que se refugiaram nos movimentos da grande órbita na mesma direção, portanto, algumas vezes ele parece estar se movendo de maneira diferente em diferentes direções". (sic)
["SG answered: My dear king, it is exactly like the big wheel which is moving and along with him the small ants which have taken shelter of the big wheel, they are also moving; that is to say, the big wheel is moving towards northern side, the small ants also moving towards that side. Similarly, with movement of the big orbit, the small stars appear to be moving along with it, so when passing through the Dhruva loka and Sumeru mountain, the small ant-like stars also move like that. So with the movement of the sun and other small planets and stars which have taken shelter of the big orbit moves in the same direction, therefore, it sometimes appears to be moving differently in different directions"].
Depois da revisão de Indradyumna:
"Sri SG respondeu: Meu querido rei, isto é exatamente como a roda do oleiro que está se movendo e, juntamente com ela, as formigas que estão na grande roda, elas também estão se movendo juntamente com a roda, mas o movimento delas parece ser diferente porque elas são percebidas em um momento como estando um lugar da roda e depois em outro. Similarmente, com o movimento da roda do tempo, que é observado pelas constelações e signos. Eles estão se movendo para a direita ao redor de Dhruva loka e da montanha Sumero e, movendo-se com eles, estão os planetas pequenos como formigas, como o sol e outros planetas pequenos. Mas porque esses planetas são vistos em diferentes constelações e signos em momentos diferentes, o movimento desses planetas é diferente do movimento do zodíaco ou da roda do tempo". (sic)
["Sri SG answered, My dear king, it is exactly like the wheel of the potter which is moving and along with it the small ants which are located on the big wheel, they are also moving along with the wheel, but their motion is seen to be different because they are noticed at one time to be in one place and later in another on the wheel. Similarly, with movement of the wheel of time which is observed by the constellations and signs. They are moving to the right around Dhruva loka and Sumeru mountain and moving with them are the ant-like planets like the sun and other small planets. But because these planets are seen in different constellations and signs at different times, the motion of these planets is different from the motion of the zodiac or wheel of time"].
E assim foi como o verso finalmente apareceu impresso:
"Sri Sukadeva Gosvami respondeu com clareza: quando a roda de oleiro está se movendo pequenas formigas localizadas nessa grande roda se movem com ela, uma pessoa pode ver que o movimento delas é diferente da roda, porque elas aparecem algumas vezes em uma parte da roda e outras vezes em outro. Similarmente, os signos e constelações, com Sumeru e Dhruvaloka à direita deles, movem-se com a roda do templo, e o sol e outros planetas, pequenos como formigas, movem-se com eles. O sol e os planetas, todavia, são vistos em diferentes signos e constelações em diferentes momentos. Isso indica que o movimento deles é diferente do movimento do zodíaco e da própria roda do tempo".
["Sri Sukadeva Gosvami clearly answered: When a potter's wheel is moving and small ants located on that big wheel are moving with it, one can see that their motion is different from that of the wheel because they appear sometimes on one part of the wheel and sometimes on another. Similarly, the signs and constellations, with Sumeru and Dhruvaloka on their right, move with the wheel of time, and the antlike sun and other planets move with them. The sun and planets, however, are seen in different signs and constellations at different times. This indicates that their motion is different from that of the zodiac and the wheel of time itself"].
Em uma aula em 1973, Srila Prabhupada, na ocasião de seu Vyasa-puja (15), expressou sua gratidão pelo serviço de Pradyumna. A edição de Srila Prabhupada do Sri Caitanya-Caritamrta havia acabado de ser publicada, e Srila Prabhupada humildemente deu os seguintes créditos a Pradyumna:
(15) Vyasa-puja é a celebração do "dia do aparecimento" (aniversário) do mestre espiritual. A aula se deu em 22 de agosto de 1973, em Londres.
"Nosso Panditji, Pradyumna, ele apresentou. De fato, ele trabalhou para isso. Embora eu tenha traduzido, . . . sou imensamente endividado com ele por ele ter cuidadosamente editado e tornado tudo perfeito. . . . Porque a maior parte é sânscrito, meu amado discípulo Pradyumna – eu chamo ele de Pandit Mahasaya, porque é ele quem está de fato fazendo o trabalho de pandit – então é ele que edita, e ele trabalha muito duro".
A última parte do trabalho literário final de Srila Prabhupada – Srimad-Bhagavatam, Canto Dez, Capítulo Treze – foi, de fato, uma extraordinária cooperação entre Srila Prabhupada e Pradyumna. Enquanto Srila Prabhupada permanecia deitado em sua cama, próximo da morte, Pradyumna, tendo estudado os versos sânscritos e os comentários sânscritos que Srila Prabhupada mais gostava, lia-os para ele em sânscrito, em pequenas porções. Algumas porções Pradyumna traduzia e lia alto, algumas Srila Prabhupada traduzia ele mesmo, e Srila Prabhupada comentava. As traduções e comentários, gravados em fita, foram então combinados e editados juntos para se tornarem o texto para o livro.
Tradução por Bhagavan dasa (DvS) a pedido de Paresha Prabhu
(parte 2/2)
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Editing the Unchangeable Truth: An Overview of the Editorial History of the Books of His Divine Grace A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
por Jayadvaita Svami
Quem fez o quê?
Um histórico de quem serviu como editor de Inglês para cada livro é melhor apresentado em forma de tabela. Listados aqui estão apenas os livros publicados durante a vida de Srila Prabhupada. O ano fornecido é o ano da primeira publicação. Editores mencionados entre parênteses fizeram trabalho secundário, na maioria dos casos, na forma de correção final ou acabamento ou fornecendo algum material que faltava.
Livro
|
Ano
|
Editor(es)
|
Bhagavad-gita Como Ele É (reduzido) (16)
|
1968
|
Hayagriva, Rayarama (17)
|
Ensinamentos do Senhor Caitanya
|
1969
|
Satsvarupa, Rayarama (18)
|
Sri Isopanisad
|
1969
|
Rayarama
|
Fácil Viagem a Outros Planetas
|
1970
|
Rayarama
|
Krsna Consciousness: The Topmost Yoga System
|
1970
|
Hayagriva
|
O Néctar da Devoção
|
1970
|
Purusottama, (19) Rayarama (Hayagriva, Jayadvaita)
|
Krsna, A Suprema Personalidade de Deus (Capítulos de um a trinta e sete)
|
1970
|
Satsvarupa, Hayagriva
|
Krsna, a Suprema Personalida de Deus (chapters thirty-eight through ninety)
|
1971
|
Satsvarupa, Jayadvaita (Hayagriva)
|
Bhagavad-gita Como Ele É (integral)
|
1972
|
Rayarama, Hayagriva (Jayadvaita)
|
Srimad-Bhagavatam, Canto Um
|
1972
|
Hayagriva (Jayadvaita)
|
Srimad-Bhagavatam, Canto Dois
|
1970–2 (20)
|
Hayagriva (Jayadvaita)
|
Perfeição da Yoga
|
1972
|
Hayagriva
|
Além do Nascimento e da Morte
|
1972
|
Hayagriva
|
Srimad-Bhagavatam, Canto Três
|
1972–4
|
Satsvarupa, Jayadvaita (Hayagriva)
|
A Caminho de Krsna
|
1973
|
Hayagriva
|
Raja-vidya: o Rei do Conhecimento
|
1973
|
Hayagriva
|
Elevation to Krsna Consciousness
|
1973
|
Hayagriva
|
Krsna Consciousness: The Matchless Gift
|
1974
|
Hayagriva
|
Srimad-Bhagavatam, Canto Quatro
(capítulos de um a oito) |
1974
|
Satsvarupa, Jayadvaita (Hayagriva)
|
Srimad-Bhagavatam, Canto Quatro
(capítulos de nove a trinta e um) |
1974
|
Hayagriva (Jayadvaita)
|
Caitanya-caritamrta, Adi-lila
|
1974
|
Jayadvaita
|
Caitanya-caritamrta, Madhya-lila
|
1975
|
Hayagriva (Jayadvaita)
|
Caitanya-caritamrta, Antya-lila
|
1975
|
Jayadvaita, Dravida (21)
|
Srimad-Bhagavatam, Quinto Canto (capítulos de uma a treze).
|
1975
|
Hayagriva (Jayadvaita)
|
Srimad-Bhagavatam, Quinto Canto
(capítulos de quatorze a vinte e seis) |
1975
|
Jayadvaita, Dravida (22)
|
O Néctar da Instrução
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1975
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Hrsikesananda, Hayagriva (?) (Jayadvaita)
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Srimad-Bhagavatam, Sexto Canto
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1975-6
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Jayadvaita
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Srimad-Bhagavatam, Sétimo Canto
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1976
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Jayadvaita
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Srimad-Bhagavatam, Oitavo Canto
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1976
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Jayadvaita
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Srimad-Bhagavatam, Nono Canto
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1977
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Jayadvaita
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Perguntas Perfeitas, Respostas Perfeitas
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1977
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Syamasundara, (23) Jayadvaita
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Ensinamentos do Senhor Kapila
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1977
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Hayagriva (Jayadvaita)
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Ciência da Auto-realização
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1977
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Vários (24)
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Srimad-Bhagavatam, Décimo Canto
(capítulos de 1 a 13) |
1977
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Jayadvaita
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(16) O manuscrito para o livro completo foi preparado para publicação, mas ele foi reduzido a pedido da publicadora original, a companhia Macmillan. Brahmananda Dasa (entrevista pessoal, 5 de abril de 2003) conta que Rayarama Dasa pegou um vôo de Nova Iorque para Los Angeles para reduzir o manuscrito em consulta direta a Srila Prabhupada.
(17) A princípio, muitos devotos tinham alguma participação na edição desse livro. Brahmananda Dasa diz: "Estávamos todos trabalhando nisso. Eu quero dizer: eu estava, Kirtanananda estava, Satsvarupa, Hayagriva, Rayarama, acho que até Ranchor. Todos nós contribuímos um pouco com isso. Todos com diferentes formações" (entrevista pessoal, 5 de maio de 2003). De maneira similar, Pradyumna Dasa reporta: "Muitas pessoas estavam editando os livros de Prabhupada quando eles chegaram a Montreal pela primeira vez. Kirtananada tinha uma cópia do manuscrito do Gita, Hayagriva tinha alguma outra coisa e Rayarama alguma outra coisa. Esses eram os primeiros dias da ISKCON – 1967, 68" (Memories, Vol. 2, p. 7). Hayagriva e Rayarama, por fim, tornaram-se editores do livro.
(18) Satsvarupa fez a edição preliminar, como fizera em todos os livros para os quais ele é listado. Aqui, Rayarama foi o editor principal.
(19) Purusottama, quem transcreveu o livro enquanto viaja com Srila Prabhupada como seu secretário, fez um pouco de edição preliminar.
(20) Cada um dos primeiros nove capítulos foi primeiramente publicado como um livro individual em brochura.
(21) Dravida editou os capítulos 13, 14, 15 e 17. Eu supervisionei e dei acabamento a seu trabalho e editei o resto do livro.
(22) Dravida editou os capítulos 17 e 25 e pelo menos parte dos 18 e 26. Eu supervisionei e dei acabamento a seu trabalho e editei o resto do livro.
(23) Syamasundara fez um pouco de edição preliminar e apresentou sugestões editoriais úteis.
(24) O texto para este livro veio de artigos previamente editados por vários editores e publicados em Back to Godhead. Eu escolhi os artigos e a sequência deles. Ramesvara Svami e Mukunda (posteriormente Mukunda Svami) adicionou um ou dois artigos e escreveu os títulos e introduções.
Revisão dos Livros da BBT
Começando no princípio dos anos 70, ou mesmo antes talvez, a BBT publicava versões revisadas dos livros de Srila Prabhupada (26). O quadro de editores ocasionalmente descobria erros em livros publicados e rotineiramente os corrigiam em impressões posteriores. Raramente, Srila Prabhupada também apontava pessoalmente alguma palavra ou passagem que ele queria que fosse revisada (27). Conforme a prática padrão de publicação (28), a BBT publicou tais revisões sem notificá-las.
(26) Em 1972, Fácil Viagem a Outros Planetas e Krsna Consciousness: The Topmost Yoga System tiveram seus direitos autorais registrados no US Copyright Office com "revisões e adições". Mas erros menores nestes e em outros livros talvez tenham sido apontados e corrigidos mesmo em impressões anteriores.
(27) O exemplo mais conhecido pelos devotos da ISKCON: Ele apontou que no Bhagavad-gita 18.44 um editor havia equivocadamente fornecido para go-raksya a tradução "criação de gado" ao invés de "proteção às vacas". Em outra ocasião, ele apontou que "arroz purificado", em Bhagavatam 1.15.22-3, deveria ter sido "arroz putrefato".
(28) Tanto o The Chicago Manual of Style quanto o The Oxford Style Manual parecem tratar o tema como uma rotina. Embora assinale a diferença entre uma nova edição (na qual uma obra é significativamente revisada ou ampliada) e uma nova impressão (em que um livro é apenas novamente reimpresso), Chicago (p. 9) diz, na prática, que "correções são algumas vezes feitas em novas impressões", e Oxford (p. 6) simplesmente observa que um dos significados de "reimpressão" é "uma segunda ou nova impressão de qualquer obra publicada, com apenas pequenas correções".
Expressando uma visão incontroversa, um acadêmico chega ao ponto de dizer: "Retificações em reimpressões [...] são frequentemente INFERIORES ao que a precisão demandaria". (Halpenny, p. 11, grifo nosso) [fim da nota].
Também tendo início no começo dos anos 70, a BBT passou a publicar livros de Srila Prabhupada em versões tão extensivamente revisadas que eles mereceram ser chamados de "segunda edição". Os primeiros desse grupo foram versões reeditadas de Fácil Viagem a Outros Planetas (1972) e Sri Isopanisad, ambas revisadas por Hayagriva Dasa baseando-se em que a edição em Inglês continuava necessitando de aprimoramentos substanciais (29). Algumas vezes, em 1972 ou 1973, fiz grandes revisões no Segundo Canto. A versão revisada, embora nunca rotulada de "Segunda Edição", foi usada em todas as impressões depois da primeira.
(29) As edições revisadas desses livros foram criticadas em uma discussão entre Srila Prabhupada e alguns discípulos em Vrndavana em 22 de junho de 1977. Com referência a uma sentença dada por Srila Prabhupada, a discussão foi posteriormente intitulada de "Rascal Editors" [Editores Patifes ou Editores Velhacos].
Em 1974, a BBT publicou uma segunda edição de Ensinamentos do Senhor Caitanya, novamente revisada por Hayagriva em razão do Inglês. (Ele revisou o livro completamente a partir do texto publicado, sem dispor dos manuscritos originais, até então perdidos, nem do Caitanya-Caritamrta de Srila Prabhupada, ainda não escrito). A segunda edição usava ortografia sânscrita com diacríticos, e, com a permissão de Srila Prabhupada, Nitai Dasi forneceu transliterações para muitos versos sânscritos disponibilizados na primeira edição apenas em Inglês.
Em 1972, quando a primeira edição americana do Primeiro Canto do Srimad-Bhagavatam estava sendo preparada e o primeiro volume estava quase pronto para impressão, Satsvarupa chamou a atenção de Srila Prabhupada para que em numerosos casos a versão editada parecia ter pouca fidelidade com a obra original de Srila Prabhupada. Srila Prabhupada respondeu essencialmente: "Não perca tempo. Apenas imprima" (30).
(30) Nesse período, eu trabalhava na editora da ISKCON de Boston [ISKCON Press], onde este incidente aconteceu, e Satsvarupa o relatou a mim logo em seguida.
Em 1976, todavia, por iniciativa própria, revisei extensivamente este Canto, especialmente a tradução dos dois primeiros capítulos. Preparei então uma listagem mostrando essas traduções revisadas como uma carta por cima explicando o que eu havia feito, e, quando Srila Prabhupada visitou a ISKCON Nova Iorque em julho de 1976, eu levei o embrulho para sua sala.
Eu esperava apenas deixar o pacote com seu secretário. Mas, para minha surpresa, encontrei Srila Prabhupada ali, bem na minha frente, perguntando-me a razão de minha vinda. Eu lhe disse e ele me instruiu a ler para ele a tradução revisada, bem ali, naquele exato momento. Então eu comecei. Srila Prabhupada ouvia atentamente, e, depois que eu havia lido alguns poucos versos, ele me interrompeu: "E então, o que você fez?".
"Eu revisei a tradução para deixá-la mais próxima do que Sua Divina Graça havia dito originalmente".
"O que eu havia dito?".
"Sim, Srila Prabhupada".
Srila Prabhupada então fez um gesto desdenhoso característico e disse: "Então está tudo bem".
E foi isso. (31)
(31) A versão revisada foi publicada em 1976. Uma comparação completa da tradução revisada dos dois primeiros capítulos está disponível na rede como Bhagavatam Revisions Examined em www.krishna.com/newsite/main.php?id=286.
Depois que Srila Prabhupada partiu, o quadro de editores da BBT continuou encontrando e corrigindo discrepâncias editoriais nos livros de Srila Prabhupada. Muitas dessas foram apontadas por devotos da ISKCON, especialmente aqueles servindo como tradutores da BBT (32). (A BBT traduziu livros de Srila Prabhupada para cerca de oitenta e cinco línguas). Como durante a presença de Srila Prabhupada, a BBT continuou a corrigir erros editoriais menores rotineiramente, sem reportarem.
(32) Para dois exemplos com explicações vide www.krishna.com/newsite/main.php?id=287#GRE_Kasi e www.krishna.com/newsite/main.php?id=287#GRE_Encircled.
Mas novamente, como no tempo de Srila Prabhupada, alguns livros pareciam demandar revisões extensivas. Assim, em 1979, os curadores da BBT decidiriam: "Harikesa Svami irá discutir com Satsvarupa Gosvami e Jayadvaita Svami sobre as correções necessárias a partir dos manuscritos originais como os do Bhagavad-Gita Como Ele É (ed. Completa), Terceiro Canto, etc." (33).
(33) Resoluções da BBT, 12 de março de 1979. A intenção era buscarmos por correções necessárias com referência nos manuscritos originais.
Minha revisão do Bhagavad-Gita Como Ele É encontrou erros editoriais e omissões em quantidade suficiente para demandar uma segunda edição. Então, após extensiva consulta a devotos seniores da ISKCON, a segunda edição foi publicada em 1983 (34).
(34) Um breve histórico aparece em Responsible Publishing (p. 29). Uma carta amplamente circulada solicitando contribuições dos devotos da ISKCON antes do livro ser publicado aparece nas páginas 29-39. Responsible Publishing está disponível na rede em www.krishna.com/newsite/downloads/responsible_publishing.pdf.
Para o Néctar da Devoção, fiz uma revisão leve, publicada pela BBT em 1982. Provavelmente o aspecto mais proeminente nessa segunda edição foram alguns ajustes na estrutura dos capítulos. Muitos dos capítulos originais de Srila Prabhupada eram grandes, então Rayarama os partiu, em intervalos de certa forma arbitrários, em capítulos de tamanho confortável (35). Enquanto revisava o livro, vi que alguns títulos dos capítulos e títulos de seções não se encaixavam com o conteúdo deles (36), e alguns capítulos começavam no meio de um tópico ao invés de antes ou depois. Eu renomeei e redividi apropriadamente. A segunda edição também incluía um apêndice mostrando onde as "ondas" do "Oceano do Serviço Devocional" de Srila Rupa Gosvami apareciam no estudo resumido de Srila Prabhupada.
(35) Rayarama pessoalmente me disse isso, e eu pessoalmente redigitei os manuscritos que traziam sua edição.
(36) 'Técnicas para Ouvir e Memorizar', por exemplo, nada tinham a ver com memorização.
Em 1993, Dravida Dasa revisou o Sri Isopanisad, comparando as primeira e segunda edições americanas com o texto original de Srila Prabhupada publicado em 1960 em sua Back to Godhead. Novamente, Dravida recuperou longas passagens que as primeiras edições haviam perdido (37). Em 1996, a BBT também publicou segundas edições do "Krsna Book" e do Sri Caitanya Caritamrta, ambas revisadas por Dravida Dasa, que corrigiu erros e incluiu passagens originalmente omitidas (38). Em relação ao Sri Caitanya-Caritamrta, também se forneceram as formas vernáculas pelas quais muitos locais geográficos são hoje conhecidos no lugar dos complexos nomes em sânscrito fornecidos pelos editores da primeira edição.
(37) Para exemplos, vide Responsible Publishing, p. 8–9.
(38) Para exemplos, vide Responsible Publishing, p. 10-13.
Na metade dos anos 90, a BBT publicou uma segunda edição de Perfect Questions, Perfect Answers [Publicado no Brasil tanto como Perguntas Perfeitas, Respostas Perfeitas quanto como Em Busca da Verdade], editado por um editor da BBT menos experiente. Porque os leitores dessa edição encontraram numerosas discrepâncias editoriais, os diretores da BBT decidiram em 2002 que Dravida Dasa iria revisar o livro antes de sua próxima impressão. Ou ele corrigiria as discrepâncias, ou a BBT voltaria para a primeira edição.
Além dos livros aqui mencionados como tendo sido revisados, todos os livros de Srila Prabhupada continuam a ser publicados unicamente em suas edições originais, com apenas correções ocasionais mínimas de tipografia e outros erros do tipo. Então, por exemplo, o Srimad-Bhagavatam do Segundo Canto em diante continua sendo publicado somente em sua edição original da BBT (39).
(39) Curiosamente, um website anuncia uma "edição pré-1978" do Srimad Bhagavatam. O que é isso? A mesma edição que a BBT sempre publicou.
Porque tradutores, elaboradores de índices remissivos e outros leitores que estudam intensivamente os livros de Srila Prabhupada continuam encontrando erros editoriais suspeitos, a BBT disponibiliza um endereço de e-mail para o qual tais erros podem ser enviados: errors.english.books@.... Por uma questão de política interna, os editores da BBT, atentos às instruções de Srila Prabhupada, resistem a mudanças. Mas erros editoriais verificados são corrigidos em impressões e edições posteriores. Essa política trouxe à BBT algumas críticas francas, muitas dessas, infelizmente, incivilizadas e mal informadas (40). Uma resposta elaborada a tais críticas vai além do escopo deste artigo (41).
(40) Para exemplo, vide "108 Changes to Srila Prabhupada's Bhagavad-gita As It Is" escrito por Madhudvisa Dasa (www.vnn.org/editorials/ET9903/ET08-3273.html) e "In-Depth Examination of Book Revisions" escrito por IRG (www.vnn.org/world/WD9812/WD11-2662.html).
Uma coleção de links para artigos argumentando a favor de vários pontos de vista encontra-se publicado online pela Vaisnava News Network em www.vnn.org/news/bbt_revisions.html. Críticos anônimos da política editorial da BBT mantêm um site, com o propósito de parecerem populistas, chamado "Adi-vani.org" (www.adi-vani.org).
(41) Tal resposta pode ser encontrada no prospecto da BBT Responsible Publishing, mencionado acima. Outras respostas aparecem em Gita Revisions Explained, disponível na rede em três partes, começando em www.krishna.com/newsite/main.php?id=288. De interesse relevante é o Bhagavatam Revisions Examined, também mencionado anteriormente. A política editorial da BBT é brevemente explicada em www.krishna.com/newsite/main.php?id=40.
Acompanhando o histórico editorial da BBT
Porque na capa e nas páginas de copyright dos livros de Srila Prabhupada a equipe da BBT frequentemente foi menos do que meticulosa quanto a gravarem novas edições, em relação a alguns livros, especialmente aqueles publicados e revisados durante a vida de Srila Prabhupada, uma pessoa talvez tenha dificuldade em discernir qual edição está lendo. Cientes disso, os diretores da BBT decidiram que impressões futuras deverão deixar o histórico de publicação mais claro.
Adicionalmente, em 2002, os diretores da BBT contrataram um consultor para elaborar um sistema abrangente que pudesse controlar e acompanhar o histórico editorial de cada título inglês da BBT. O sistema, dizem os diretores, deverá nos permitir preservarmos, catalogarmos e acessarmos as várias versões editadas e não-editadas, e elas deverão nos dizer, para cada versão, quem fez o quê, quando e por quê, tanto de forma resumida e, idealmente, na proporção de frase ou palavra. E o sistema deve funcionar para outras línguas também.
O consultor forneceu especificações para tal sistema, dimensionalmente ambicioso, e o trabalho está em andamento pela Bhaktivedanta Archives. O resultado visionado é uma biblioteca de hipertexto consultável, talvez acessível pela internet, o que permitiria ao pesquisador que selecionaria um verso ou passagem em particular ver as páginas relevantes do original e manuscritos revisados, todas as notas editoriais, a primeira edição e as posteriores, os comentários sânscritos e bengalis que Prabhupada consultou e assim por diante. Também incluso para cada título estariam uma produção histórica, apresentando os nomes dos editores originais, compositores tipográficos, revisores, diagramadores e outros envolvidos na produção, dizendo onde o trabalho de pré-impressão foi feito, dando a dimensão da primeira impressão, e dizendo quem eram os tipógrafos e encadernadores das edições originais.
Por este sistema, a BBT intenciona manter, tanto quanto possível, um histórico [audit trail] para estudiosos, equipe da BBT e outros leitores interessados; assim a maior parte dos leitores poderão se beneficiar dos livros cuidadosamente editados e poderão fazê-lo livres de críticas incomodas, enquanto aqueles que assim desejarem poderão valer-se de um detalhado histórico editorial. Em adiantamento a tal histórico, espero que a presente descrição geral seja de alguma utilidade para os investigadores da verdade editorial.
Bibliografia
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A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. The Nectar of Devotion. Los Angeles: The Bhaktivedanta Book Trust, 1970.
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The Chicago Manual of Style 15th edition, Chicago: University of Chicago Press, 2003.
Hayagriva Dasa. The Hare Krishna Explosion: The Birth of Krishna Consciousness in America, 1966–1969. Palace Press, 1985.
Halpenny, Francess G., ed. Editing Twentieth Century Texts, Papers given at the Editorial Conference, University of Toronto, November 1969, Toronto: University of Toronto Press, 1972.
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Ritter, R. M., and Hart, Horace, eds. The Oxford Guide to Style. Oxford: Oxford University Press, 2002.
Siddhanta Dasa, ed. Memories. Culver City, CA: Monsoon Media, 2003.
Tradução por Bhagavan dasa (DvS) a pedido de Paresa Prabhu